quarta-feira, 21 de março de 2012

TGV e o caso do "dinheiro fantasma"



O Governo decidiu deixar cair “definitivamente” o projecto da alta velocidade. A decisão foi clarificada pelo Ministério da Economia depois de o Tribunal de Contas (TC) ter detectado ilegalidades na adjudicação da obra da linha do TGV Poceirão-Caia ao consórcio Elos, liderado pela Soares da Costa e pela Brisa.
Fonte: Público

Substituam o TGV por Indiana Jones e talvez saia daqui um belo filme de aventuras dentro de um escritório de "contabilidade" pois depois de tanto argumento, tanta polémica e controvérsia. Depois de tanta preocupação (inclusivé com a bitola utilizada) a duvidosa informação, eis que o Governo deixa cair o projecto.
Sempre que me "enrolava" á volta desta questão (ainda bem que não o fazia literalmente), questionava-me se o TGV iria ser uma despesa desprezível ou uma bem-vinda adição para o nosso desenvolvimento e nunca me "sentei" numa resposta definitiva.

Foi uma "Estrada dos Tijolos Amarelos" que caminhámos, excepto que esta acabou a meio e nunca chegamos ao Feiticeiro de Oz (neste caso, o TGV), nem voltámos ao Kansas (ou seja, perdemos dinheiro).

É curioso ver uma notícia publicada na "Sábado", em Abril de 2011, que diz que até então a obra teria custado aprox. 300 milhões de euros sem um único quilómetro de linha construído e que "Portugal arrisca-se a perder mais de 600 milhões de euros se não avançar com o TGV até 2015 [...]"
E a quem é que este dinheiro todo beneficiou? Uma única pessoa que com este dinheiro tenha acordado no dia seguinte a murmurar "Aquele punhado de euros melhorou mesmo a minha vida!"...

Talvez vários insectos tenham ficado contentes por não terem sido "apanhados" pelo TGV...

2 comentários:

João Simas disse...

É interessante compararmos esta polémica com a mesma que se fez durante a Regeneração (sec. XIX)sobre as linhas férreas. Os argumentos a favor ou contra eram semelhantes aos de hoje. Havia também muita gente contra os comboios e as obras dos portos de Lisboa e Leixões.
A nossa situação geográfica mantém-nos na periferia de uma certa Europa, mas também é o país mais próximo da América do Sul e da África sub-sariana. Mas tudo depende da geoestratégia de longo prazo. Poderemos ou não vir a ser o grande nó de ligação com África e a América, com países em franco crescimento como Angola ou o Brasil, poderemos ou não ficar mais afastados do centro da Europa, já que é preciso atravessar a Espanha. Poderemos ou não perder o que já foi investido e pagar indemnizações e perder ou não subsídios europeus para a construção da alta velocidade e aeroporto. Poderemos ou não diversificar os mercados. Um coisa é adiar por algum tempo outra é decidir que nada se vai fazer.

Pedro Borlas disse...

Este caso é realmente memorável tendo em conta a quantidade de dinheiro que já se gastou. Com as dificuldades que todos passamos, acabamos por nos sentir utilizados ao ver o dinheiro dos contribuintes a ir para estudos e planificações de obras que não se irão realizar. Na minha opinião seria muito mais proveitoso para o país e para a população se se investisse totalmente no programa tgv e assim possibilitando uma verdadeira ligação férrea com a Europa.