sábado, 10 de março de 2012

República das Bananas?

Assistimos diariamente ao desenrolar de uma história que intitularam "Crise em Portugal". Fazem-nos acreditar que, de entre todos os personagens, são as pessoas a título individual que têm responsabilidade nesta conjuntura, e assim as mesmas terão que compreender a crescente privação de direitos fundamentais e indiscutíveis a que vêm sedo habituadas.
Quanto a mim, encontramo-nos envoltos numa regressão civilizacional escandalosa mas acima de tudo preocupante. Somos a geração que irá sofrer as consequências de uma instabilidade política na educação, em que todos os anos nos regemos por orientações diferentes, perturbando o percurso escolar que seguíamos até então; somos a geração que se irá deparar com um possível acréscimo nas 8 horas diárias de trabalho, que desde 1886 se consolidavam nas lutas de trabalhadores americanos; somos a geração que irá compactuar com clientelismos e interesses económicos por que as grandes instituições bancárias se movem e nos movem; somos a geração que terá qualificações académicas desperdiçadas por detrás de caixas de supermercado; somos a geração que verá a sua saúde condicionada pelo seu poder económico, já que a política de privatização deste sector é agora uma "realidade em expansão"; somos a geração que será menosprezada em prol de jogadas politico-económicas que em nada contribuem para o bem-estar e felicidade humanos.
É esta mesma geração que vejo desinteressada por um lado, conformista por outro.
E enquanto as consequências desta realidade se revelam no dia-a-dia de cada um, esta devia ser uma geração com esperança, uma geração mais (reinvindic)ativa do que nunca.

1 comentário:

João Simas disse...

Somos? Também depende de nós.
Mas vivem-se momentos perigosos. Este discurso dos "direitos adquiridos" pretende levar a que as pessoas pensem que devem perdê-los, sabe-se lá em nome de quê (até se sabe). Direitos é o contrário de privilégios, de regalias, de benesses. Um direito não é uma coisa que outro dá porque lhe apeteceu ou teve pena do pobre, mas uma conquista e o assumir de que pertence ao indivíduo ou coletividade. Não é por acaso que as revoluções que fizeram declarações de direitos usam os termos inalienável e imprescritível. Dizia-se no Maio de 68: "les libertés ne se donnent pas, elles se prénent".