terça-feira, 20 de março de 2012

Subida no preço das propinas...?

Decidi reflectir um pouco sobre este assunto referente à subida dos preços das propinas, pois para além de querer dar a conhecer a minha opinião, quero igualmente conhecer as opiniões dos meus colegas que, possivelmente, irão rumar, para o ano, tal como eu, em direcção à faculdade.

O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), aprovou dia 13 deste mês uma nova recomendação sobre as propinas. Esta recomendação baseia-se no aumento das propinas, no valor de 30 euros, para dessa forma se financiarem bolsas a estudantes universitários. Desta maneira, as propinas que, geralmente, são de 999,71 euros, passarão a ser de 1029,71 euros.

Agora vejamos esta ordem de lógica: temos cada vez mais alunos a desistir das faculdades por não terem possibilidade de pagar as mesmas. No entanto, uma fatia dos restantes, apesar de ter dificuldades, continua a frequentá-la. É a esses alunos que vamos aumentar as propinas? São esses alunos que, já em dificuldades, vão conseguir dar mais 30 euros para aqueles que já não conseguem? Será que isso irá realmente criar consenso? Irá criar novos lugares nas faculdades, ou apenas criará mais desistências?

Não podemos esquecer a quem estamos a pedir esse esforço! AOS ALUNOS! Não devem ser os alunos a fazer este esforço, não devem ser os alunos a ter a obrigação de sustentar os seus amigos, colegas. Essa função deve pertencer ao Estado. Pela lógica proposta, ao aumentar a ajuda (dada pelos próprios alunos), aumentaria também a procura de ajuda.

Assistimos constantemente a alterações, a rupturas na história, mas nada parecido com isto. É necessário que todos tenham consciência do que se vai passar no próximo ano lectivo. Vão ser os estudantes a pagar pelo Estado. De qualquer forma, já me questiono, qual é realmente a função do Estado? Onde andas ''tu'', Democracia? Agora, que precisamos de ti mais do que nunca…

2 comentários:

Manuel Cotovio disse...

Inês, a tua opinião que também já deixaste bem vincada na minha "pseudo-reflexão" é bem clara e vai de encontro à minha. As subidas generalizadas dos preços, sendo que muitas são decisões estatais, têm-se traduzido no progressiva destruição da classe média, que vive do seu trabalho e não de rendimentos. O que acontece é que estas subidas, que esmagam os recursos que restam a pessoas como nós por completo, significam o extermínio a curto-médio prazo da classe média.

Para além das subidas dos preços, existem ainda outro fenómeno que é a redução generalizada dos salários. Enquanto há uns anos atrás havia diferenciação de salários para diferentes especializaçõe, hoje, cada vez mais, as empresas estão a nivelar por baixo e a contratar pelo salário mínimo, pessoas muito qualificadas (muitas vezes licenciadas), salário esse que está estagnado nos 485€ há já 2/3 anos.

O que se vai verificar daqui a uns anos, é uma gritante dicotomia entre ricos e pobres. A classe média vai-se tornar numa classe baixa e os ricos continuarão ricos ou até talvez mais ricos e Portugal será um país mais injusto e claramente menos democrático, menos culto, menos exigente consigo próprio e menos reivindicativo.

Manuel Cotovio

P.S. Quanto à questão das propinas, resta-me realçar que é um contrasenso admitir a reduzida instrução dos portugueses e seguidamente aumentar as propinas. O Estado está a falhar ao nível do Ensino Superior.

João Simas disse...

Certamente há que pensar qual é a função do Estado perante determinada sociedade. Há países onde não se pagam propinas (em Portugal há uns anos eram simbólicas), noutros pagam-se, noutros ainda o ensino superior é essencialmente particular. No nosso país a diferenciação social já é das maiores da Europa, e já pagamos mais impostos do que noutros países, partindo-se do pressuposto que, ao pagar impostos, se está a financiar um Estado para todos. Refira-se que a aposta na ciência e no ensino tem dado bons resultados em Portugal, mas estes assuntos têm que ser vistos numa perspetiva de longo prazo.