Foi esta quarta-feira, dia 14 de Março, que Otelo Saraiva de Carvalho afirmou que estava nas mãos das Forças Armadas derrubar um governo que havia entrado num profundo sistema ditatorial e que provocava um enorme sofrimento ao país, acrescentando a pouca eficácia que a manifestação, agendada pelos militares, terá este sábado, dia 17 de Março.
Salienta que apesar de estarmos numa democracia, e o governo que está à frente ter sido eleito pelo povo, questiona as condições das eleições e ainda sublinha que se houver outras eleições ninguém ficará satisfeito.
Sobre o Governo, especificou que Portugal «tem um primeiro-ministro que é um tipo giro, mas por trás dele também estão empresas», entendendo que «ele está apenas a executar aquilo que lhe dizem, subordinado aos ditames da troika».
Por isso, para este “capitão de Abril” a atuação das forças Armadas teria o propósito de derrubar o governo que está em funções.
No entanto, Otelo Saraiva de Carvalho reconhece que «Portugal é um país de brandos costumes», considerando que ainda não estão reunidas as condições necessárias para outra revolução, mas que as massas trabalhadoras poderiam ser a porta revolucionária, com o descontentamento face a nova lei geral do trabalho.
No seu entendimento, quando há perda de soberania e perda de independência nacional, as Forças Armadas têm de atuar
Otelo Saraiva de Carvalho , “Capitão de Abril” conclui que «no dia em que os limites forem ultrapassados, o povo é que o saberá sentir».
Ainda veremos cravos nos canos dos canhões e das espingardas, com E Depois do Adeus de Paulo de Carvalho como música anunciadora de movimento?
2 comentários:
Mais uma vez, Otelo Saraiva de Carvalho tenta dar um ar da sua graça. Resta saber se é ele que procura o protagonismo ou se é um jornalista mais matreiro, que o terá provocado sabendo o estilo das suas habituais declarações.
Otelo Saraiva de Carvalho é uma personagem da nossa História que vale a pena estudar, mas não de momento, isso é tema que dá para um livro.
Todos lhe agradecemos pelo trabalho que teve ao acabar com a ditadura em Portugal. Mas não lhe podemos agradecer pelo que fez depois, nem pelo que está a fazer agora.
Em primeiro lugar, é curioso que diga que somos um povo de "brandos costumes" quando este slogan até foi inventado e difundido pelo anterior regime numa tentativa de evitar os levantamentos populares. Em segundo lugar, creio que os portugueses até não são assim. Podem até ser calmos, mas se lhes "pisam os calos" não se deixam ficar e mostram de que massa são feitos. Em terceiro lugar, não consigo entender porque é que faz este tipo de declarações incendiárias, quando há tão pouco tempo houve eleições democráticas. Vamos fazer uma revolução? "Vamos", responde Otelo.
Saraiva de Carvalho, que, sejamos claros, sempre achou que tinha direitos de autor sobre o 25 de Abril, acredita porventura, que os portugueses têm algum défice de inteligência (têm outros défices), para saber quando se devem ou não revoltar e que precisam que alguém lhes diga. Será que Otelo está mesmo a falar a sério? Estará na posse de todas as suas faculdades mentais? Tenho as minhas dúvidas...
Já que Otelo gosta tanto de fazer sugestões ao povo, eu faço-lhe uma sugestão a ele: Goze a sua reforma de coronel e veja umas telenovelas.
É um facto que Otelo foi o estratega do dia 25 de Abril. Mas entre um movimento militar e um processo social revolucionário que se se seguiu e a consolidação do regime há uma grande diferença. Seria até contraditório numa democracia considerar que só uns seriam os verdadeiros fundadores ou até proprietários. Mas há sinais que não devem ser ignorados, não apenas de indivíduos como de grupos, como so militares. A expressão "brandos costumes" é interessante num país que teve 3 séculos de Inquisição, a ditadura mais longa da Europa Ocidental e guerras coloniais em três frentes ...!
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