"O Governo aumentou em mais de cinco mil euros por turma o financiamento público das escolas privadas com contrato de associação e facilitou as condições de acesso a esse financiamento, segundo uma portaria hoje publicada. (...)"
Fonte: Jornal de Negócios Online13 de Outubro de 2011
Sendo inevitável estar-se centrado na situação em que a proposta para o OE 2012 deixou o país e as repercussões adjacentes, achei relevante partilhar este excerto de notícia que quanto a mim revela o teor contraditório das medidas deste governo e as grandes dificuldades de organização do mesmo.
Nós, os jovens de hoje, ainda podemos afirmar que vivemos num sistema que nos disponibiliza uma escola e educação públicas, (parcialmente) gratuitas e para todos, mas o panorama tem vindo a sofrer alterações duvidosas no que diz respeito à durabilidade deste "dado adquirido". Simultaneamente temos uma oferta de escolas privadas, elitistas e onde é a capacidade financeira que passa o atestado de inteligência/competência a cada um; todas as estatísticas apontam para um ensino privado de melhor qualidade em relação ao público, em que se registam valores de aproveitamento bastante superiores. (Basta observar o Ranking das Escolas 2011 e verificar que nas primeiras vinte da lista de escolas secundárias, apenas figura uma escola pública, em 15º lugar.)
Após relacionar estes dados com a notícia acima, a questão que me surgiu de imediato foi: Andará o Governo a lutar contra si próprio? E porquê?
Seria óbvio que o governo deveria tentar tomar medidas para inverter a situação exposta pelo ranking; de um certo ponto de vista, até as tomou, mas parece que na direcção errada. Que justificações existirão para um aumento do financiamento do ensino privado, quando a contenção orçamental nas escolas públicas tem sido levada ao extremo? Poupa-se nas escolas públicas para se aumentar as ajudas a quem tem poderio económico? E a credibilidade do ensino público? Não deveria o governo preocupar-se com uma estrutura que é da sua responsabilidade, para que daí seja possível sair bons profissionais? Serão estas as prioridades correctas?
Com ausência de respostas ou verdades universais, resta-me concluir que a desestruturação do país é hoje um facto, em que as prioridades são definidas ao sabor de quem oferece mais dinheiro e que é urgente alterar esta situação.
1 comentário:
Concordo na íntegra com a tua opinião. Considero que a rede pública de escolas é o que garante a exigência na aprendizagem, em que o critério é a qualidade, o empenho e o esforço e não o tamanho da conta bancária. Assim, os alunos são escolhidos por critérios que dependem realmente deles, o que nem sempre acontece no privado, onde "quem paga, manda".
O que é verdadeiramente curioso e, porventura assustador, é o facto de se estar a assistir a um financiamento do Estado a um negócio privado! E os lucros? São para quem? Para o Estado é que não são...
Apesar de tudo isto, existe uma explicação, que é a seguinte: um aluno do ensino privado custa ao Estado vários milhares de Euros a menos do que um aluno do Ensino Público. Assim, o Estado pretende evitar que os alunos que comecem a sentir maiores dificulades económicas fujam para a Escola pública, o que iria ser um encargo superior (penso eu de que) a médio prazo.
Enviar um comentário