domingo, 25 de janeiro de 2009

Para aqueles que acreditam no 25 de Abril

Há dias, foi-nos proposta uma actividade em aula, cujo objectivo era criar argumentos e contra-argumentos à moção criada pelo grupo. Para tal fomos divididos em três sub grupos em que um era contra e os outros dois eram a favor da moção criada para o parlamentos dos jovens.
Sem ainda ter opinião bem formada, por mero acaso, acabei por ficar num dos grupos a favor, e qual não é o meu espanto que, de uma forma bastante interessante, todos os meus pensamentos à cerca de tais políticas como as que foram adoptadas no 25 de Abril sofreram alterações significativas.
Tudo se baseou na minha forma de defender o facto de haver cotas nas câmaras municipais para a participação dos jovens. Começámos a analisar a moção e de repente menciono o facto de a nossa sociedade necessitar de jovens mais reaccionários, mais empenhados, activistas, tais como os jovens comunistas. Espantadas com os meus comentários, as minhas colegas de análise notaram que os meus comentários não eram de pessoa que conhecesse de perto o que foi o25 de Abril.
Foi então que tudo na minha cabeça tomou forma e ficou mais claro.
Sou sincera, não fazia a mínima ideia que o 25 de Abril tivesse trazido tanto sofrimento para algumas pessoas. Para mim, o 25 de Abril foi algo de muito bom, o momento de libertação dos oprimidos. Mas infelizmente nem tudo foi assim. É certo que foi bom porque acabou o período de ditadura, mas momentos de terror se seguiram.
Pensava eu que apenas terrenos de pessoas com mais posses tinham sido "levados", mas pelo estado, mas estava errada. Movimentos comunistas apoderaram-se de terrenos, e utilizaram a violência para o fazerem. Mataram pessoas.
Numa onda de reacção, de revolução, esses grupos comunistas roubaram terras, destruíram terrenos, incendiaram casas, bateram em mulheres e homens inocentes, tudo para demonstrarem a sua "fúria" de querer ver o património de todos distribuído de igual modo por todos, ou seja, se o patrão tivesse 6 terrenos, antes do 25 de Abril os seus empregados tinham de trabalhar sem queixas, sem questionarem o seu poder, após 25 de Abril, esses empregados, gozando o seu estatuto de liberdade, invadiram os terrenos do seu patrão, destruindo e ocupando tudo sem quaisquer limites, tendo como ideais, tudo repartido, 3 para o patrão e para eles.
Segundo o descrito por elas, foi um momento de sofrimento, com consequências até aos dias de hoje. Por isso digo, este pequeno texto é para aqueles que acreditam no 25 de Abril, para aqueles que acham que a história se escreveu de uma maneira tendo sido descrita de outra completamente diferente. É certo que com o passar dos anos a informação que nos chega, aos mais jovens, não é muito fiel à realidade, mas é crucial saber o que marcou a nossa nação.

4 comentários:

rita disse...

Não podia concordar mais contigo, Catarina.
Mas há coisas que tem de ser formadas logo no inicio da vida de uma criança, tal como os horarios de estudo, o facto de "há sempre tempo para tudo".
A escola é a fase mais importante da vida de uma pessoa, e se esta não for feita de forma racional e ponderada então vai reflectir-se na vida adulta.
Mas muitas vezes os pais não tem a culpa, nem a escola, muitas vezes é o proprio aluno que não se preocupa e por mais que professores e família o tentem ajudar não funciona.
De qualquer das formas, achei o teu texto muito bom e na minha opinião deveriam existir algumas campanhas de sensibilização para esse tema.

Ana Filipa Pereira disse...

No Portugal que temos coisas destas acontecem, tudo se destorce. Não é o primeiro “marco” da nossa história que, passados uns tempos de o ter abordado na disciplina de história, venho a descobrir que nem tudo foram rosas. Tenho cada vez mais a sensação que em vez de a verdade vir ao de cima o que vem são eufemismos que iludem as crianças e confundem os adolescentes. Algo se passa na educação, algo devia ser mudado neste campo, há que ensinar a verdadeira verdade e não a verdade bonita, dos livros e series bonitas que alguns fazem o favor de imaginar para outros leccionarem...
Mais uma vez os meus valores foram por terra. Não estive para ver, logo, não sei em que acreditar. Não sei se me hei-de orgulhar-me ou envergonhar-me ainda mais do meu, infelizmente, meu país.

João Simas disse...

"As rosas" só acontecem nos milagres. De resto, mesmo quando a maioria quer mudar o mundo para melhor há sempre percalços.
Tem que se comparar a situação anterior com o que aconteceu depois.
Quando se deu o 25 de Abril quase todos os jovens do sexo masculino tinham que ir para as guerras coloniais; a emigração fazia-se em massa; vivia-se numa ditadura; a pobreza era imensa, sem comparação com a actualidade e muito pior que em qualquer país da Europa.
Se as coisas não tivessem mudado nem sequer estaríamos na União Europeia nem em paz com o Mundo, nem sequer falarámos assim.
Há que estudar melhor a questão e ir para além das impressões.

maria disse...

O texto está muito bem escrito.. recordo-me muito bem de quando foi essa conversa do 25 de Abril e do teu espanto com os acontecimentos.
Mas este país é o país das mentiras, e tenta-se sempre proteger determinadas pessoas.. muitas ainda vivas que cometeram muitos erros e que não pagaram por eles.. É a justiça que este país tem! os "maus" andam sempre cá fora e são sempre elevados ao estatuto de heróis..