“Se for decidido que não iremos recuar e
levar até ao fim, então uma reafirmação do mandato
popular será necessária“ in Observador.pt
Foi assim que um parlamentar do Syriza se referiu
após mais uma reunião, digamos de passagem, tensa da Comissão Central do
partido para discutir o acordo com o Eurogrupo e com as instituições europeias.
O Syriza é um partido de extrema-esquerda que ganhou
recentemente as eleições, sem maioria e coligou-se com os Gregos Independentes,
partido este que já nas eleições europeias se mostrava a caminho de bons
resultados, em conjunto com o de Marine Le Pen, tendo ambos vitórias
substanciais, alertando o Mundo, sobretudo a Europa para a ascensão dos
extremismos. Prometeu inúmeras coisas, tendo como base a anti austeridade,
através de aumentos de impostos para os contribuintes com mais posses, a
anulação do pagamento da dívida externa, que já ronda os 340 milhões... Os
cortes nos gastos e aumentos dos salários e pensões.
É legal... Tudo isto é legal... É legal prometer o
bem para a população e até de louvar, é porém ilegal colocar em causa esse bem
por paixões ideológicas, porque parece que o programa que se propõem até é o
mesmo que o programa do anterior governo...Apesar de Alexis Tsipras dizer que:“Toda a gente compreende que com esta política vamos diretamente para o
inferno.” (22/12/2012 in Expresso). Tudo
isto originou a revolta e pelos vistos já há quem peça novas eleições e quem
queira sair, como os parlamentares.
Uma nota de elogio a estes parlamentares, que não
conseguem investir no poder, que lhes foi atribuído através das promessas.
Promessas, essas que acham que não estarão em vias de concretização, propondo a
saída, sem comprometer o seu percurso político. Um plano de entendimento entre
a Grécia e o Eurogrupo parece já estar a ser feito, mas terá a Grécia
aprendido? Quais foram, as reformas verdadeiramente levadas a cabo? Será
correto pedir o dinheiro da indemnização da guerra? Como tem vindo a público,
sendo que essa foi desculpada assim como uma parte da sua dívida...
Pensava-se que esse plano transcrito na carta, fosse
uma base para um programa de ajustamento que verdadeiramente resulte com a
realidade das pessoas na Grécia... Porque em política o poder é ambicionado e
demasiado apetecido, mas devemos ter sempre em mente a Nação... Apela ao
estabelecimento de um acordo mútuo sobre os termos financeiros e
administrativos, prolongar a disponibilidade do FEEF (Fundo Europeu de
Estabilidade Financeira) e a colaboração entre os eurodeputados para dar início
às conversações sobre o terceiro resgate e pretende com isso, assinar o novo
Contrato para a Recuperação e Crescimento. O Governo grego exprime assim, a sua
decisão em cooperar com as instituições da União Europeia e com o Fundo
Monetário Internacional, de forma: atingir a estabilidade orçamental e
financeira que necessita permitindo assim, introduzir reformas para restaurar
os padrões de vida dos cidadãos através de um crescimento económico
sustentável, emprego e da coesão social que ambicionam.
A acusação de que Portugal e Espanha estão a ser
demasiado exigentes, não é um facto totalmente falso, nem totalmente certo,
porque afinal tem o sentido de só queremos a justiça para os nossos sacrifícios
e um pouco mais de consideração pelo nosso povo sem esquecer a nossa posição de
credores...Porque não estamos numa condição financeira muito melhor...
Ora bem, será útil pormos os pontos nesta perspetiva, ou vão contra a U.E e a favor do povo grego, rompendo com as
negociações feitas, ou vão a favor da U.E e contra o povo, e contra a sua
ideologia, impondo medidas de austeridade e com o risco de serem destituídos
pelos próprios eleitores, que fizeram sonhar...
Há que ter respeito pelas decisões do povo grego,
pois afinal de contas o governo surgiu a partir de uma votação democrática,
porém a Grécia tem de também mostrar respeito pelas democracias dos outros
países e Nações, que ao fim ao cabo, emprestam o dinheiro...
Será cedo falar-se num terceiro programa de
ajustamento? Talvez, não seja assim tão cedo, sabemos que aguentaram até
fevereiro e que aguentarão até um julho, mas aguentarão muito mais tempo, num
impasse que só prejudica a imagem e as bases da União que é Europeia?
Por cá? Portugal e Espanha não estão ao mesmo nível
da Grécia, por isso convém frisar, não façamos de Portugal a Grécia nem podemos
tomar o exemplo do Syriza...
Raquel Cetra e Mariana Morgadinho
1 comentário:
Há que ver se o problema é principalmente económico ou se é sobretudo político e no contexto dos objetivos da União Europeia.. É que tal como não há só uma política também não há só uma única forma de encarar os problemas económicos.
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