sexta-feira, 13 de março de 2015

Miragem...

Se for decidido que não iremos recuar e levar até ao fimentão uma reafirmação do mandato popular será necessáriain Observador.pt

Foi assim que um parlamentar do Syriza se referiu após mais uma reunião, digamos de passagem, tensa da Comissão Central do partido para discutir o acordo com o Eurogrupo e com as instituições europeias.
O Syriza é um partido de extrema-esquerda que ganhou recentemente as eleições, sem maioria e coligou-se com os Gregos Independentes, partido este que já nas eleições europeias se mostrava a caminho de bons resultados, em conjunto com o de Marine Le Pen, tendo ambos vitórias substanciais, alertando o Mundo, sobretudo a Europa para a ascensão dos extremismos. Prometeu inúmeras coisas, tendo como base a anti austeridade, através de aumentos de impostos para os contribuintes com mais posses, a anulação do pagamento da dívida externa, que já ronda os 340 milhões... Os cortes nos gastos e aumentos dos salários e pensões.
É legal... Tudo isto é legal... É legal prometer o bem para a população e até de louvar, é porém ilegal colocar em causa esse bem por paixões ideológicas, porque parece que o programa que se propõem até é o mesmo que o programa do anterior governo...Apesar de Alexis Tsipras dizer que:“Toda a gente compreende que com esta política vamos diretamente para o inferno.” (22/12/2012 in Expresso). Tudo isto originou a revolta e pelos vistos já há quem peça novas eleições e quem queira sair, como os parlamentares.
Uma nota de elogio a estes parlamentares, que não conseguem investir no poder, que lhes foi atribuído através das promessas. Promessas, essas que acham que não estarão em vias de concretização, propondo a saída, sem comprometer o seu percurso político. Um plano de entendimento entre a Grécia e o Eurogrupo parece já estar a ser feito, mas terá a Grécia aprendido? Quais foram, as reformas verdadeiramente levadas a cabo? Será correto pedir o dinheiro da indemnização da guerra? Como tem vindo a público, sendo que essa foi desculpada assim como uma parte da sua dívida...
Pensava-se que esse plano transcrito na carta, fosse uma base para um programa de ajustamento que verdadeiramente resulte com a realidade das pessoas na Grécia... Porque em política o poder é ambicionado e demasiado apetecido, mas devemos ter sempre em mente a Nação... Apela ao estabelecimento de um acordo mútuo sobre os termos financeiros e administrativos, prolongar a disponibilidade do FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) e a colaboração entre os eurodeputados para dar início às conversações sobre o terceiro resgate e pretende com isso, assinar o novo Contrato para a Recuperação e Crescimento. O Governo grego exprime assim, a sua decisão em cooperar com as instituições da União Europeia e com o Fundo Monetário Internacional, de forma: atingir a estabilidade orçamental e financeira que necessita permitindo assim, introduzir reformas para restaurar os padrões de vida dos cidadãos através de um crescimento económico sustentável, emprego e da coesão social que ambicionam.
A acusação de que Portugal e Espanha estão a ser demasiado exigentes, não é um facto totalmente falso, nem totalmente certo, porque afinal tem o sentido de só queremos a justiça para os nossos sacrifícios e um pouco mais de consideração pelo nosso povo sem esquecer a nossa posição de credores...Porque não estamos numa condição financeira muito melhor...
Ora bem, será útil pormos os pontos nesta perspetiva, ou vão contra a U.E e a favor do povo grego, rompendo com as negociações feitas, ou vão a favor da U.E e contra o povo, e contra a sua ideologia, impondo medidas de austeridade e com o risco de serem destituídos pelos próprios eleitores, que fizeram sonhar...
Há que ter respeito pelas decisões do povo grego, pois afinal de contas o governo surgiu a partir de uma votação democrática, porém a Grécia tem de também mostrar respeito pelas democracias dos outros países e Nações, que ao fim ao cabo, emprestam o dinheiro...
Será cedo falar-se num terceiro programa de ajustamento? Talvez, não seja assim tão cedo, sabemos que aguentaram até fevereiro e que aguentarão até um julho, mas aguentarão muito mais tempo, num impasse que só prejudica a imagem e as bases da União que é Europeia?

Por cá? Portugal e Espanha não estão ao mesmo nível da Grécia, por isso convém frisar, não façamos de Portugal a Grécia nem podemos tomar o exemplo do Syriza...
Raquel Cetra e Mariana Morgadinho


1 comentário:

João Simas disse...

Há que ver se o problema é principalmente económico ou se é sobretudo político e no contexto dos objetivos da União Europeia.. É que tal como não há só uma política também não há só uma única forma de encarar os problemas económicos.