Passado pouco
mais de um mês das eleições, que consagraram Alexis Tsipras e o seu Syriza como
o novo rosto da Grécia, podemos afirmar com toda a convicção que este homem e o
seu partido pretendem realmente romper com a austeridade que se verificou no
país durante 5 anos a fio. Mas esta pretensão só poderá passar a realidade se
todos os membros da União Europeia, incluindo Portugal, se unirem em torno dos
princípios que estiveram na origem da sua criação, ou seja, promover a paz no
continente europeu, a coesão, a solidariedade entre Estados e o desenvolvimento
e bem-estar equitativo da população da Europa, caso contrário, se ficarem
sozinhos numa luta desigual, Tsipras e o Syriza poderão falhar aqueles que são
os seus objetivos.
E para mostrar
que a vontade de acabar com o período austero vai para além de meras palavras,
o primeiro-ministro e líder da coligação governamental com os Gregos
Independentes já anunciou que vai apresentar na próxima segunda-feira uma
medida legislativa para conceder casa a 30 mil pessoas sem-abrigo e
eletricidade gratuita a outros milhares de pessoas que vivem em situação de
pobreza. Na próxima semana, o Executivo de Tsipras conta ainda aprovar nova
legislação para impedir despejos (de primeiras habitações), melhorar as
condições para os contribuintes resolverem dívidas ao fisco e à Previdência,
prevendo também reunir informação sobre os suspeitos de evasão fiscal.
O interesse do
Syriza converge com o interesse da União Europeia: salvar a moeda, salvar a União
Europeia solidária, justa, promotora do bem-estar dos europeus,
independentemente da sua condição, preservar a paz e a equidade entre os povos,
respeitando as diferenças, na procura da união monetária, fiscal, social e
cultural, é este o interesse de todos e de cada um dos membros da UE. Se assim
não for, deixa de fazer sentido falar em União Europeia.
Creio que os
líderes europeus que não tiverem a coragem de ouvir e negociar com a Grécia e,
em vez disso, a excluírem, podem estar a contribuir não só para o desastre do
povo grego, mas também do resto da Europa.
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