quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Um Animal e um Touro

 A Tauromaquia ou a corrida de touros, sempre esteve presente no planeta Terra, desde a Antiguidade Clássica, onde Júlio César, numa arena em Creta, ordenava aos cavaleiros de Tessália que corressem atrás de touros bravos, para que estes se cansassem, para, posteriormente, serem executados. A Tauromaquia (cultura dos touros), manteve-se entranhada na cultura Ibérica, sendo mais visível na sua Península, mas também no Sul da França, assim como em diversos países tais como a América Latina, o México, ColômbiaPeruVenezuelaEquador e Costa RicaChinaFilipinas e Estados Unidos
  Nos últimos anos, as touradas têm despertado um intenso debate entre seus apoiantes e críticos, havendo muita propaganda maioritariamente online que se opõe a esta tradição "desumana" e "violenta", que tem unido milhares de aderentes que afirmam que esta tradição é um ato "bárbaro e de tortura".
  A verdade é que a união faz a força, e o número de iniciativas de tauromaquia têm vindo  a descer, como podemos verificar:

  Já em muitos lugares do País se têm vindo a abolir esta tradição. "Estes espetáculos derivam mais do gosto pessoal do presidente da Câmara do que propriamente do interesse público, mas são organizados com dinheiro públicos, que no fundo todos nós andamos a pagar.", diz o vereador de Vinhais que propõe a abolição de touradas na sua vila,  no distrito de Bragança. 
  Duarte Lopes, veterinário, afirma que "A Câmara justificou-se referindo que tinha sido uma aposta do concelho para diversificar a aposta turística mas com as touradas estamos a dar um sinal contrário à imagem de promoção dos produtos endógenos e de promoção da natureza."
 Muitas pessoas aderem a este movimento que vai contra os princípios humanos de muita gente, deixando no ar uma pergunta: "Será que devemos aceitar os atos tauromáquicos, visto que resultam na tortura de animais (o que é crime, levando até a prisão preventiva), apenas por ser uma tradição?". A resposta continua escondida, visto que as touradas ainda são alvo de muitos apoiantes.

3 comentários:

Unknown disse...

As touradas são de facto uma tradição. Mas isso por si só não deve justificar que se pratiquem. As tradições têm normalmente origem em tempos antigos, em que as mentalidades e modos de vida eram bastante diferentes dos atuais. A nossa sociedade evoluiu. E o sentimento de respeito pelo sofrimento dos animais começa a fazer parte da forma de pensar de muita gente, por esse motivo acho que as touradas deveriam ser abolidas. Visto isto assim dessa forma, seria correto perseguir hereges só porque há séculos atrás era considerado algo comum no dia a dia e moralmente aceitável? Os toureiros e os adeptos da tauromaquia costumam dizer que o touro não sente dor durante a corrida, mas há vários estudos que provam o contrário. O touro, como qualquer animal, tem a capacidade de sentir dor, medo e ansiedade. E os sinais(confusão, raiva, entre muitos outros) que demonstra durante a tourada denunciam essas emoções. Nenhum animal é violento de natureza, têm é o instinto de sobrevivência e auto-defensa, comum também ao ser humano. Não há qualquer justificação moral, digam o que dizerem, para se causar sofrimento a uma animal para fins de entretenimento, e isto inclui também os zoo's e os circos.
Quem se recusa a ter consideração pelo sofrimento de um animal só pode ter falta de cultura, falta de educação ou falta de carácter. Volto a frisar a questão de ser considerado "tradição", mas falo por muitas pessoas quando digo que não quero ser associada a um país que sente prazer a ver animais sofrerem numa arena.
A UNESCO em 1980 fez uma declaração onde se mostrou contra este acto de barbaridade, dizendo "A tauromaquia é terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras. Traumatiza as crianças e adultos sensíveis. A tourada agrava o estado dos neuróticos atraídos por estes espetáculos. Desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afronta a moral, a educação, a ciência e a cultura."
Acho um ultraje que estes espetáculos hediondos sejam pagos e organizados com o dinheiro público. Seria mais digno e vantajoso investir esse dinheiro em algo que proporcionasse uma melhoria de vida para a população.

João Simas disse...

É uma questão em aberto há muito tempo, mesmo em Portugal. Confrontam-se aqui muitos valores como direitos, identidade, cultura, tradição, liberdade, tolerância, o que são coisas diferentes. Há que ver também diferenças em relação a vários tipos de touradas: touradas à espanhola,fiestas de S. Firmin em Pamplona, touradas à portuguesa à portuguesa,touros à corda (nos Açores), com forcão (concelho de Sabugal ... se o touro é morto ou não...

Unknown disse...

Peço-lhe desculpa desde já por não ter respondido mais cedo, mas raramente venho ao blogue e não reparei que tinha comentado.
Como já tinha referido anteriormente, acho de facto absurdo pessoas ditas evoluídas obterem prazer ao causarem dor aos animais, neste caso aos touros. Essa dor inclui também a psicológica que se obtém através de outros tipos de touradas como referiu.
Se fosse “somente” uma questão de alimentação, ou seja, matar o touro para comer de forma rápida e sem dor, eu não me opunha pois o direito à alimentação é um bem essencial, mas não o sofrimento desnecessário dos animais. Mas esta é a minha opinião e cada um tem direito à sua, felizmente.