domingo, 23 de novembro de 2014

Morrer com dignidade


Brittany Maynard, faleceu no dia 1 de Novembro deste mesmo ano por "morte assistida" ou "morte com dignidade", mais conhecido por Eutanásia. Com 29 anos foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral maligno (glioblastoma) de nível quatro e os médicos deram-lhe 6 meses de vida. Incurável e com um caminho até à morte bastante doloroso devido aos efeitos secundários dos medicamentos, Brittany recentemente casada e sem filhos, decidiu recorrer à Eutanásia. Para tal, foi necessário que Brittany se mudasse de São Francisco em Califórnia para Portland em Oregon, pois de 50 estados americanos, apenas 5 aprovam legalmente a "morte assistida": Washington, Montana, Vermont, Novo México e Oregon. 
Na minha opinião, encaro este assunto com alguma incredibilidade no que toca à época bastante evoluída em que vivemos mas ao mesmo tempo com total respeito por quem vê a Eutanásia como uma espécie de tabu ainda que eu esteja em total desacordo. 
A "morte com dignidade" é algo bastante sensível e isso é certo e tal pode ser comprovado pelo facto de que apenas seja permitida num número escandalosamente mínimo de regiões em todo o planeta, num século marcado por grandes avanços ao nível da mentalidade de cada um relativamente a outros temas também de grande susceptibilidade de opinião. 
É verdade que se trata de provocar uma morte, mas é também verdade que se trata de alguém que não possui condições para a desfrutar, para a viver e que muito provavelmente depende de algo (uma máquina, por exemplo) ou alguém para manter o seu coração a bater e que na mínima das hipóteses está a usufruir em vão, de vias e equipamentos que poderiam salvar outras vidas de uma forma mais eficaz. 
A sensibilidade deste tema deve-se principalmente a três correntes: à da religião, à do código penal e à da medicina (juramento de Hipócrates). Todos eles transmitem a ideia de que matar seja em que situação for é errado. Na minha opinião, todo o doente que queira recorrer a uma morte assistida no seu total uso de liberdade, consciência e num estado saudável de saúde mental, deveria sem quaisquer impedimentos poder exerce-lo no seu país, desde que lhe esteja confinada morte certa causada pelo seu estado clínico ou então um destino doloroso que o impeça de ter uma vida saudável e agradável a si e aos seus, e em que deixe para trás uma vida minimamente aceitável e bem encaminhada aos seus descendentes se assim os possuir, resolvendo, se assim o conseguir, situações de maior calibre a fim de não prejudicar a vida de ninguém. 
É preciso reconhecer que nem todos somos crentes, que o código penal está construído para proporcionar ao máximo uma boa vida para quem ele abrange e que se for necessário deve estar aberto a mudanças jurídicas e ainda, que na medicina, se trabalha com o corpo e organismo de seres humanos que como seres racionais sabem o que querem fazer na sua vida e com a sua vida pois possuem esse direito e ninguém sem o seu consentimento deve interferir nas suas decisões. 
Como qualquer outro assunto de extrema importância, este deve ser bem discutido a nível mundial, de modo a satisfazer as necessidades do individuo sem prejudicar as de outrem e sem formular quaisquer desigualdades de raça, género, idade, opinião politica ou religiosa, situação económica ou social, orientação sexual, etc.
É importante que a eutanásia não seja encarada como um suicídio como tantos outros, porque neste caso a pessoa preferiria viver, mas não pode.

1 comentário:

João Simas disse...

É um problema em que é mais fácil evitá-lo do que discuti-lo, porque "mexe" muito com as culturas e sobretudo com as ideias e práticas religiosas. É também um problema que se relaciona com o desenvolvimento das sociedades, sobretudo as ocidentais, com um estado social que permite às pessoas viverem mais tempo. Parece quase uma hipocrisia mas os mais pobres, das nações pobres morrem mais cedo e de doenças facilmente curáveis, sem terem tempo de pôr este problema