terça-feira, 18 de novembro de 2014

A emigração dos cidadãos portugueses: Como estancar a emigração qualificada?

A situação em Portugal é preocupante, designadamente nas áreas da ciência e tecnología-o que deixa o país em “risco de recessão populacional”, alerta o documento do Governo divulgado a 22/07/2014.
Devido ao “sistema financeiro internacional”, a desregulação da banca, os “paraísos” fiscais, o funcionamento bolsista e todas as estruturas e agentes promotores da profunda crise com a qual Portugal se tem deparado nos últimos anos, a emigração dos cidadãos portugueses para diversos países da Europa, tem sido cada vez mais notória.
Com a formação de um novo tipo de emigração, mais qualificada, (considerando apenas os portugueses que obtiveram a sua graduação académica de nível superior), estima-se que terão emigrado cerca de 20%, sendo este movimento referido como o segundo maior entre os jovens qualificados da Europa-20 conclui-se que o contraste entre o novo fluxo migratório e os países que ainda acolhem as maiores comunidades de emigrantes representa o primeiro passo no novo desenho das comunidades migratórias portuguesas do futuro. O Reino Unido é hoje o principal destino da emigração portuguesa, tendo chegado ao país em 2013 um total de 30.120 cidadãos. Na França residiam entre 2005 e 2010 cerca de 588 mil cidadãos portugueses, o que representa a terceira maior população emigrada daquele país mas só chegou no último ano a uma média de 8 mil portugueses o que não é muito, comparando-se com outros destinos. A Suíça, por outro lado, é o país mais constante em termos de entrada de emigrantes portugueses no último ano e cidadãos residentes. Sendo um importante foco de emigração desde os finais da década de 80, é o segundo país para onde emigraram mais portugueses no ano de 2012 (29.677) e acolhia, uma comunidade portuguesa de 194.840 emigrantes. A Alemanha recuperou o posto de um dos principais destinos de emigração, tendo registado em 2013 a entrada de 11 mil cidadãos portugueses. Espanha vem de seguida, com a entrada de um total de 6 mil cidadãos no último ano.
Com base no LinkedIn, existem pelo menos 1572 engenheiros diplomados pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) que exercem parte ou a totalidade da sua profissão no estrangeiro. Do IST, cerca de 20% dos engenheiros que obtiveram a sua graduação há pelo menos cinco anos estão igualmente a desenvolver a sua atividade no estrangeiro. Sendo assim é evidente que estamos, perante um processo de emigração qualificada, baseada em jovens, nos quais o país aposta a nível da sua formação, que vão desenvolver a sua capacidade de trabalho e de inovação em países onde a economia mais os valoriza. Pois a saída de profissionais qualificados conduz à não adequada rentabilização dos investimentos educativos, criando condições favoráveis à sua utilização pelos países terceiros.
Portanto como aluna penso que não existe uma minima consideração do estado pelos estudantes e suas familias, que lutam diariamente, descontando dos seus salários para pagar impostos referentes à educação com as melhores intenções, desejando o melhor futuro para os filhos e no fim têm que os ver a ter que se sujeitar a estar distantes da sua familia e a depararem-se com a solidão por irem para um local onde não conhecem ninguém tendo que se adaptar a uma mudança de hábitos e rotinas de vida de forma radical. De tal modo que me interrogo sobre a existencia daquele valor chamado justiça, apelado por todos aqueles que pretendem viver numa sociedade igualitária em direitos e deveres. Na minha opinião considero que estas consequências me têm causado uma consciencialização de que a emigração conduz ao êxodo de graduados e que não é benéfico contribuir-se para o incremento da mobilidade e internacionalização, assumidas como particular importância num mundo globalizado, altamente competitivo e em que a diferenciação pela positiva se faz com base na inovação e no conhecimento, porque um país que pretende desenvolver-se economicamente precisa de profissionais competentes, não só pelo seu nível de formação, mas principalmente pelo nível de qualificação e pelo elevado nível de desempenho profissional reconhecido dentro do respetivo mercado. Consequentemente suponho que têm que se potenciar estes benefícios para que, quando a economia do nosso país recuperar e os nossos profissionais tiverem condições de regressar, seja possivel aumentar e melhorar a qualidade de vida dos portugueses e assim criar a motivação necessária para a fixação de populção orgulhosa e com prazer em trabalhar na sua nação contribuindo para o progresso.


1 comentário:

João Simas disse...

Sair do país por uns tempos não é o problemas. Através da história de Portugal vemos a contribuição de muitos "estrangeirados" que regressaram e trouxeram inovações. A questão é se os deixam ter lugar aqui quando quiserem regressar. Outro problema de que se fala menos é que continua muita gente a emigrar com poucos conhecimentos e como mão de obra pouco qualificada e sujeita a dificuldades de integração e para países que estão a tomar medidas anti-emigração (na Suíça, Luxemburgo e agora em discussão no Reino Unido ...).