terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Eutanásia

Quando uma pessoa se encontra sem condições para ser independente, está sujeita a ficar dias inteiros deitada, que lhe dêem comida à boca, que a lavem, que máquinas a ajudem a respirar, que medicamentos lhe tirem as dores, qual é a sua motivação para viver? O que é que a mantém “cá”?
Perante situações idênticas a esta, concordo com a eutanásia. Será alguém feliz assim? Apenas está presente, não faz mais nada.
Se em certas situações a própria pessoa decide acabar com a vida, qual é o problema? A decisão é sua. Ela decide o que quer fazer.
A diferença entre o suicídio e a eutanásia é que no suicídio, o acto é feito pela própria pessoa enquanto que na eutanásia há cooperação entre duas pessoas, tornando a que a ajuda autora de um crime. No entanto, há uma semelhança importante: em ambos os casos a pessoa tem a mesma vontade, o mesmo desejo; mas na eutanásia precisa de ajuda para realizar esse desejo. Pondo de parte a hipótese de a pessoa ter sido obrigada a tomar essa decisão, a eutanásia será assim tão incompreensível e errada?

5 comentários:

mariana piçarra disse...

Concordo perfeitamente contigo Vera, qualquer um de nós tem o direito a uma morte digna sem sofrimento nem adiamento mas é preciso haver médicos que o façam e sejam a favor. Agora põe-se a questão, temos nós (no geral) o direito de pedir a alguém que mate outra ainda que por vontade? Eu falo por mim, acho que se fosse médica era incapaz de tal coisa mesmo sendo a favor da eutanásia.

João Vinha disse...

A eutanasia levanta muitas questões de ordem etica, pondo inclusivamente em causa o 1º artigo da declaração universal dos direitos do Homem (todo o ser humano tem direito à vida).
Para alem disto, a eutanasia tem um problema que nao exploraste: Quando as pessoas nao têm capacidade para decidir por elas proprias, a familia pode escolher se quer ou nao que a pessoa seja sujeita a eutanasia. Neste caso especifico podem haver interesses por tras. Ou seja, tudo isto para dizer que sou contra a eutanasia. Mas por outro lado compreendo o porque desta decisao, desde que a pessoa tenha a lucidez para decidir por ela propria.
Alias, em Espanha, por exemplo, houve um famoso caso (ate foi adaptado para cinema) em que a pessoa em causa recorreu a amigos para lhe darem a beber um copo de cianeto (penso eu...). Os reponsaveis foram acusados de homicidio, sendo posteriormente absolvidos.

João Vinha

Anónimo disse...

João:

"Se em certas situações a própria pessoa decide acabar com a vida, qual é o problema?"

Defendi, quando a pessoa o decide e tem capacidades para o fazer.
Nesse caso particular em Espanha, se fosse no meu caso, talvez ajudaria o meu amigo/a, se fosse isso realmente que desejasse. As consequências foram normais, vito que, isso é ilegal, mesmo por isso é que acho mal que o seja, por mim, a eutanásia era legal, para satisfazer a vontade a quem quer, mas em certas situações, como referi.

Anónimo disse...

Mariana:

Pois isso sempre foi um dos problemas que a eutanásia origina. Se eu fosse médica e alguém mo pedisse para fazer, sendo, claro, o acto legal, talvez o faria. Não posso, pois, responder sem me deparar com a situação. Mas aí, colocar-me-ia no lugar da pessoa em questão e, talvez, decidisse satisfazer-lhe a vontade.

Susana disse...

Qualquer pessoa maior de idade e lúcida pode decidir o que quer fazer da sua vida. Quanto a um suicídio em que, por exemplo, a pessoa está descontente com a vida e quer acabar com o seu sofrimento psicológico, deve-se intervir e fazer de tudo para ajudá-la; Quanto a uma pessoa que tenha, por exemplo, um cancro terminal e continue lúcida e sem problemas mentais, que decida acabar a sua vida sem mais sofrimento, para mim está no seu direito de recorrer à eutanásia. Mas se for uma pessoa que esteja em coma ou não tenha qualquer tipo possibilidades de decidir se quer recorrer a eutanásia ou não, a família não pode pedir que seja aplicada a eutanásia. Isso seria homicídio.
Depois também há a questão dos médicos, e compreendo que qualquer um deles que foi formado para ajudar pessoas a viver e curá-las seja contra os seus princípios fazer o contrário.
Há muitas questões ligadas à eutanásia, se um dia for legalizada será uma lei bastante complexa.