quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"The Protester"


"A revista “Time” revelou a sua escolha da figura do ano e, desta vez, tem muitos rostos: o manifestante"
Fonte: Jornal Público
14 de Dezembro de 2011

Segundo a conhecida revista norte-americana, o manifestante, figura anónima e singular de uma nova realidade emergente, é a personalidade de 2011.
Falamos hoje de um fenómeno que começou na Tunísia, passou pelo Egipto, Líbia e prosseguiu em Wall Street, falamos também dos indignados que se espalham por todo o mundo. Esta é uma necessidade que não é recente, o manifestante tem um longo percurso na História, mas hoje, perante as situações reais, a resposta que cada indivíduo tem para dar é esta. E é curioso como cada sujeito individualmente pode juntar-se a outro igual a si, e aí acabamos por nos deparar com multidões. Multidões que não aceitam ser anexadas a organizações partidárias, que rejeitam a acção dos sistemas políticos e que protestam pura e simplesmente na condição de ser humano; condição essa que parece andar esquecida por entre interesses económicos e jogos de poder.
Quanto a mim, esta escolha da "Time" revela uma possível consciencialização por parte dos "grandes" de que a força do(s) indivíduo(s) poderá fazer frente ao sistema instituído. Digo isto porque, como é sabido, grandes meios de comunicação social têm, regra geral, uma relação de interdependência com grandes senhores do poder; e permitir uma escolha destas é aceitar que estamos perante uma ruptura, uma rejeição de condições e medidas, que embora ainda no início, certamente terá repercussões num prazo que ainda todos desconhecemos.
Cada vez mais é generalizada a ideia de que este sistema, estas políticas, estes bancos, não são uma resposta possível aos problemas reais. Os indignados pretendem alternativas, como os libaneses pretenderam uma alternativa ao governo de Khaddafi; quais serão e que implicações terão para as sociedades até serem implementadas? A resposta fica no ar, mas até lá resta-me felicitar-mo-nos por este título, porque todos somos manifestantes de direito (e seremos cada vez mais em consciência, na prática).

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