quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Escola, crise e problemas...


"Estudantes do Ensino Secundário manifestaram-se

hoje em vários pontos do país contra o fim

da comparticipação estatal aos passes

de transporte público em 50 por cento,

tendo recolhido 10.000 assinaturas,

segundo a organização do protesto."


Fonte: Jornal O Público




Mais uma das medidas de austeridade que o Governo de Passos Coelho vai tomar é o fim da comparticipação estatal aos passes de transporte público. O Estado tem pago sempre 50% dos passes dos alunos do Ensino Secundário, como forma de ajudar aqueles que não têm outra forma de se deslocar até ao local de estudo, para não se tornar um peso tão grande no aspecto financeiro das famílias portuguesas com filhos estudantes. Estamos cada vez mais a aproximar-nos do fim do Estado-Providência, um conceito fundamental para o bem estar da população de um país. Um conceito que bem explorado e bem estruturado faria o país funcionar, mas teria mesmo de ser bem estruturado para que erros não pudessem ser cometidos, como erros do passado político do nosso país, como gastos exagerados e corruptos, mas isso não vem para o caso.


Esta situação , esta medida de austeridade fará com que as dificuldades financeiras, da maioria da população que recorre a este sistema de passes, se acentuem trazendo cada vez mais situações de miséria e pobreza. Para ilustrar esta última parte (que muitos podem considerar exagerada), vou dar um pequeno exemplo que pode muito bem tratar-se de um caso real: uma família com dois filhos estudantes, residente longe do local onde é a escola secundária dos filhos, e vive do salário mínimo de um dos pais visto que o outro se encontra desempregado. No final do mês tem as contas da água, da luz, do gás para pagar, poderá ter também um carro para pagar e ainda terá de pagar metade dos passes dos filhos o que se torna uma despesa considerável e ainda tem de comprar a alimentação de um mês inteiro. Como fará se a situação progressivamente se agravar com a subida das contas da água, da luz, com a subida dos preços da alimentação, com a subida dos impostos no geral, com o aumento de 50% do valor que paga dos passes? Como fará? Deixa de comer? Os filhos deixam de poder ir à escola? Contraem mais dívidas? Qual será então o futuro deste país se estas medidas todas só parecem afundar mais a vida de cada português? Erros do passado terão de ser resolvidos e não é criando vinte mil propostas novas e vinte mil reformas que o país andará para a frente! Terá de se pensar na família pobre e na família da classe média. Qualquer dia a família pobre passa a família miserável e a família da classe média passa a família pobre. Então e a minha geração? A geração que estuda mas que agora vai deixar de ter uma ajuda para ir até á escola? Nós somos de facto a geração sacrificada... Mas não devia de haver alguém que se preocupasse connosco e com o nosso futuro? Não devia de haver alguém lá em cima no comando que zelasse pelo bem de todas as faixas etárias? Onde está isso?


É por isso que cada vez mais devemos dar importância aos movimentos de protesto e de revolta nem que seja simplesmente uma petição para impedir o corte na ajuda que dão aos alunos do ensino secundário. Cada vez mais devemos dizer que não é a miséria, a corrupção, a pobreza, o desemprego que queremos para as nossas vidas. Cada vez mais devemos afirmar o que queremos e lutar para o bom futuro do nosso país e não deixar que brinquem connosco. Não fomos nós que pusemos o país neste estado. "Eles" que deviam dar o exemplo são os primeiros a fugir contra as próprias medidas, mas enfim esse será com certeza tema para outro texto, aqui fica a promessa...

Sem comentários: