quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Democracia

Rafael, Escola de Atenas
A nossa constituição nada tem a invejar às leis que regem os nossos vizinhos. Nós não imitamos os outros, damos o exemplo a seguir. Porque o nosso Estado é administrado no interesse da maioria (…), o nosso regime tomou o nome de democracia. No que respeita às questões entre particulares, a igualdade é assegurada a todos pelas leis [ISONOMIA]. No que respeita à participação pública, todos são considerados em razão dos seus méritos, e a classe a que se pertence importa menos que o valor pessoal de cada um.
Ninguém é prejudicado pela pobreza e pela obscuridade da sua condição social se pode prestar serviço à cidade [ISOCRACIA]. Sendo livre no que respeita à vida pública, somo-lo igualmente nas relações quotidianas. Cada qual pode dedicar-se aos seus prazeres sem se expor à censura ou a olhares injuriosos (…)
Obedecemos sempre aos magistrados e às leis, e destas, principalmente às que garantem a defesa dos oprimidos e que, apesar de não estarem codificadas, acarretam para os que as violam um desprezo universal. (…) Entre nós não é vergonha confessar a pobreza. É-o muito mais não procurar evitá-la. (…)
Numa palavra, eu afirmo que a nossa cidade no seu conjunto é a escola da Grécia.

TUCÌDIDES, História da guerra do Peloponeso, II, pp. 37 e segs

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