As quatro propostas legislativas relativas à adoção por casais do mesmo sexo foram nesta quinta-feira chumbadas pelo plenário da Assembleia da República.
Vivemos
num mundo repleto de crueldade. Milhares e milhares de crianças são deixadas em
instituições, para não falar daquelas que são deitadas no lixo ou assassinadas
pelos próprios pais. Pois bem, também existem milhares de pessoas a quererem
adotar crianças.
Acontece que, quando um casal
está disposto a adotar uma criança o processo é demasiado lento e leva o mesmo
casal a desistir da adoção da criança. Mas não é só este facto que leva a
população a desistir da adoção. Estamos inseridos numa sociedade que decide
optar pelo facilitismo, e com isto quero dizer que até para adotar uma criança
existe critério. A grande maioria da população que decide adotar uma criança
pretende que a mesma não ultrapasse uma certa idade, ou seja, a população prefere
crianças pequenas, de preferência o mais pequenas possível para que as possam
educar. Estas pequenas crianças vão saindo das instituições, mas nelas
permanecem as crianças mais velhas até, muito provavelmente, à idade
estabelecida para a sua saída. Adotar uma criança que tenha mais que 6/7 anos,
sensivelmente, é ter que se habituar aos seus hábitos, à sua personalidade, o
que é muito mais difícil do que moldar uma criança que tem 1 ou 2 anos de vida
àquilo que se espera que os filhos se tornem um dia. Estas crianças não vão ter
presente na memória o tempo que passaram numa instituição, ou que foram
abandonadas pelos pais. Sabem-no, mais tarde, mas não se lembram que o viveram.
Tudo o que se lembram é da sua vida com a família adotiva, o que não acontece
com crianças mais velhas.
Pois
bem, estas crianças, por motivos já referidos, vão ficando nas instituições e
se um casal homossexual estiver interessado na adoção é-lhes negado esse
direito. E tudo isto é uma questão de preconceito? Estamos no século XXI, será
que uma criança que nunca teve amor paternal não pode ser adotada, simplesmente
porque quem a pretende adotar tem uma orientação sexual diferente? Então
estamos num mundo em que os bons são aqueles que abandonam e os “idiotas” são
aqueles que ainda pensam que podem algum dia dar amor a uma criança. Quando se
debatem estes temas, o principal objetivo deveria ser o bem-estar da criança,
se ela vai ser amada, se vai ter boas condições para viver, se vai, no fundo,
ser feliz. Mas não, estas crianças estão simplesmente a ser abandonadas pelo
preconceito que quem nos representa tem, pelas ideologias que cada um defende.
Aos
olhos do mundo somos um país muito pouco avançado. São estas pequenas coisas
que nos fazem ser reconhecidos como tal.
2 comentários:
Não poderia estar mais de acordo com as palavras da Mariana e gostei principalmente, de como ela acabou o seu artigo. Quando Portugal dá um passo para a evolução, recua logo 3 ou 4 e em casos como estes, não compreendo como é possível. Um casal de homossexuais, tem tanto direito de adotar como um casal de heterossexuais. Qual é a diferença? Não compreendo. Acho que como, representantes do pais, não deveriam falhar nestes casos. Há coisas na lei portuguesa, que infringem direitos individuais, etc etc, e nestes casos nada é aceite, por julgação e exclusão social. Familias homossexuais dão tanto amor e carinho, como familias em que haja um pai e uma mãe. Tem é que se saber a educar a sociedade para aceitar este tipo de mudanças porque se não, portugal continua em 1 passo que dá positivo, recua 3 ou 4.
Em primeiro lugar o que está em causa são os direitos da criança; depois os direitos humanos, sabendo que a constituição recusa a discriminação por motivos de orientação sexual. Em qualquer caso, é um problema real que as crianças com mais idade são mais facilmente rejeitadas ou menos preferidas que as mais novas. É um problema que a sociedade tem que resolver e não apenas os possíveis candidatos à adoção.
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