quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Exames Nacionais

Todos nós estamos mais que familiarizados com o assunto dos exames nacionais e com a sua importância a nível profissional de um estudante. Mas serão mesmo os exames elaborados para avaliação das capacidades do aluno, ou serão mais um estratagema com fins políticos? Esta dúvida surge-me por duas razões: um aluno é avaliado ao longo da sua vida académica pelos testes e outras avaliações escritas e orais que realiza e pelo comportamento e interesse que demonstra durante os 12 anos académicos obrigatórios. Posto isto pressupunha-se que o trabalho de avaliação dos professores que acompanharam os alunos, não tenha sido em vão, e no final do secundário o aluno tenha mais do que avaliações suficientes para poder ingressar no ensino superior na área que pretender e para qual tenha capacidades. Mas o que acontece é que os exames nacionais são demasiado valorizados na nota final do secundário e muitas vezes possuem um elevado nível de dificuldade (já nem comentando a existência das conhecidas “rasteiras” que a meu ver não têm lógica nenhuma num exame de tamanha seriedade como querem fazer parecer) que muitos dos nossos ministros não conseguiriam superar e desvalorizam de certa forma todo o trabalho que até aí tenha sido realizado pelo aluno, causando muitas vezes o decréscimo na nota que o mesmo até aí se tinha, à partida, esforçado para obter. A matéria, o stress e principalmente o valor da percentagem dos exames na nota do aluno (como já referi e volto a sublinhar), gera um clima de desgaste e desmotivação no examinando que acaba, muitas das vezes, por não conseguir ser bem-sucedido no exame.
Outra razão deve-se a todo o aparato que surge à volta dos dias de exame e dos seus resultados mais tarde revelados. Os meios de comunicação social e as redes sociais, são alvo de comentários, criticas, lamurias e festejos por parte de todos os que se preocupam ou participam sobre este tema. 
Que se pretende com isto? Mostrar que o país está interessado e a investir a olhos vistos na educação da melhor forma? Preocupem-se mais com quem ensina porque são realmente os professores e a sua qualidade de ensino o fundamental para uma boa educação e não uma prova de 2 horas com a matéria leccionada em 3 anos. Mostrar que a juventude portuguesa possui uma boa capacidade intelectual? A boa parte da formação profissional e determinante para a vida de um cidadão vai ser realizada na universidade (fora dela e depois dela) da qual sem esse estatuto (universitário) mal conseguiremos arranjar emprego “digno”(não contabilizando a vergonha do número de licenciados desempregados, mas isso é outra questão...) cá dentro ou lá fora. E quando os resultados não vão aquém do esperado? No ano a seguir, salvo alguma excepção, os alunos sentirão que o exame foi decerto mais fácil que no ano anterior (especialmente se for ano de eleições..) e responsabilizam os alunos porque não se esforçaram o suficiente, fazendo todos farinha do mesmo saco. 
Posto isto, ao ingressar na universidade, o aluno, sim, deveria ser avaliado, mas pela universidade e pelos superiores do curso que pretenderia ingressar como forma de melhor selecção de futuros estudantes universitários e claro também, melhor preparação dos professores catedráticos tendo em conta o aspeto geral das capacidades adquiridas anteriormente pelos estudantes. Desta forma os alunos não se sentiriam forçados a abandonar o desejo de ingressar nos cursos que seriam realmente aqueles que pretendiam seguir, sob pena da nota que obtiveram anteriormente em exames nacionais dos quais provavelmente nem todos precisam para o curso que pretendem seguir mais tarde mas que contam assim à mesma para a média que necessitam para depois conseguirem entrar em alguma instituição de ensino superior seja ela ou não a que desejavam realmente. 
Quem sabe se assim o número de licenciados desempregados diminuiria, as más disposições de quem está a trabalhar em algo que não foi o que idealizou dariam lugar a uma sociedade mais realizada e feliz, ou ainda o aproveitamento do esforço do trabalho dos portugueses não seria mais rentável…

3 comentários:

Unknown disse...

Concordo com a tua posição. Os exames valem realmente muito na nota final de um aluno e, muitas vezes, aqueles que trabalham o ano todo para obter o pretendido ficam prejudicados pela nota que obtiveram no exame. Para não falar de que se conseguirem melhorar essa nota na segunda fase, terão que esperar também pela segunda fase das candidaturas à Universidade, ficando esse período de tempo sem saber nada em relação ao seu futuro. Outra coisa grave, e que fizeste referência, é o aumento dos conteúdos a avaliar nos exames. É um tremendo exagero os alunos realizarem uma prova tendo em vista matérias que lecionaram no primeiro ou segundo ano de secundário. Se até aqui os alunos só realizavam provas tendo em vista a matéria de 12º ano, por que razão se alterou isso? Talvez porque quem faz as provas não as tem que realizar, nem tem que lidar com poucos dias de estudo para a realização das mesmas em 2 ou mais disciplinas, tendo que estudar matéria de 3 anos lectivos em todas elas.

Unknown disse...

Apoio totalmente a opinião das duas. Na verdade eu fui uma das alunas que foi prejudicada pelos exames em relação à nota que levei 2 anos a trabalhar para ela e principalmente na minha opinião, o que mais custa, a manter... Se me perguntarem o que senti quando vi as notas dos exames e comecei a calcular a minha média? INJUSTIÇADA, REVOLTADA, porque apesar da diferença ter sido pouco significativa, alterou a nota para pior claro!Não se entende tanta exigência por parte do governo, é um abuso!Até parece que têm prazer em fazer penar as pessoas, e nós "os fracos", não temos opção de escolha, temos que se sujeitar a tudo! como se diz na minha terra "eles têm a faca e o queijo na mão", se é que me entendem

João Simas disse...

Nem em todo o lado é assim e isso não significa que sejam menos rigorosos. Por exemplo em França não há "numerus clausus", os alunos entram e depois são selecionados no final do primeiro ano. Há universidades famosas, como algumas inglesas, que fazem entrevistas estruturadas que são determinantes. Há quem valorize outras experiências antes de entrar para a universidade, como participar em projetos, serviço cívico etc. Já há estudos em Portugal que permitem concluir que os alunos que participaram em projetos e atividades no secundário têm mais facilidade no seu percurso do que outros que apenas foram treinados para exames.