segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Uso de Peles

A indústria de peles é uma das indústrias mais cruéis do mundo, sendo a China a fonte mundial da maioria dos produtos de peles. Investigações feitas em fazendas de peles na China expuseram métodos chocantes de colocação de armadilhas, transporte e chacina.

Mais de 40 milhões de animais de entre os quais se destacam coelhos, raposas, cães, gatos, raccons e minks são mortos a cada ano da forma mais hedionda e covarde possível para o uso de suas peles.

Estes animais passam as suas curtas vidas em pequenas gaiolas e na maioria das vezes estão expostos a variações climáticas, são mal alimentados e quando estão stressados,
adquirem comportamentos nervosos. Do aprisionamento a que estão sujeitos, resultam muitas vezes auto-mutilações e canibalismo. O nível de stress elevado fragiliza o sistema imunológico do animal, levando-o, em cerca de 20 % dos casos, à morte. Muitas animais desenvolvem o que parece ser um comportamento psicótico ao bater com força nas paredes da gaiola durante todo o dia e ao moverem-se furiosamente de um lado para o outro. Alguns chegam inclusive a desenvolver problemas nas patas por ficarem vários meses em pé sobre uma estrutura de arame.

Para alem de tu isto os animais sofrem a derradeira tortura: a morte! Depois de uma vida passada em condições deploráveis, os animais são electrocutados, asfixiados, envenenados ou estrangulados.


Nem todos os animais morrem imediatamente e alguns deles chegam a ser esfolados ainda vivos!

sábado, 11 de junho de 2011

Os casamentos homossexuais – a realidade tabu em Portugal


Os casamentos homossexuais – a realidade tabu em Portugal

            Recentemente, e sob o mandato do ex. Primeiro-ministro José Sócrates, saiu uma lei no Código Civil que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Este decreto-lei veio causar muita polémica no seio da população portuguesa, por ser uma população muito envelhecida e, sobretudo, religiosa.
            O casamento homossexual em Portugal veio dividir o país em diferentes opiniões: por um lado, os mais conservadores que disseram ser um atentado ao país, à cultura e a tudo aquilo em que acreditavam; por outro, aqueles que se mantiveram imparciais em todo o processo; e, por último, todos os homossexuais e todos aqueles que aceitam esta realidade e que apoiam a lei. A promulgação da lei foi um passo muito arriscado por parte do governo, com vista a promover a igualdade e tentar fazer com que o povo português encarasse o ser humano mais como pessoa e menos como objecto.
            Há quem acredite que a homossexualidade é uma doença. Outros acreditam fazer parte da genética do Homem. Na minha opinião, a homossexualidade faz parte de cada ser humano. Na idade média, os povos guerreiros cultivavam a homossexualidade entre eles por acharem ser um modo de fortalecer a união no grupo. Nos animais, inconscientes, por vezes observamos, também, a homossexualidade. As relações entre pessoas do mesmo sexo não devem ser encaradas como uma doença ou bruxaria. Os homossexuais não devem ser ignorados ou desrespeitados, e urge a igualdade de direitos para estas pessoas em pleno século XXI. É um total retrocesso na sociedade a rejeição das pessoas homossexuais.
            Cabe a cada um decidir o rumo que dá à sua vida e de que forma encontrar a felicidade que deseja. Ninguém tem o direito de mal tratar outrem apenas porque nem todos pensamos ou agimos de forma diferente. Cabe sim, a cada um de nós, saber aceitar as diferenças dos outros sem excluir nenhum dos nossos iguais.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Desvanecimento

A vida desvanece-se,
em prol de um funcionamento produtivo,
massas manipuladas,
vontades anuladas,
para um saldo positivo,
um único motivo.

Almas presas,
corpos perdidos,
cabeças ocas,
controladas por pessoas loucas,
de mentes perigosas.

É a nossa sociedade,
mergulhada em má vontade,
as pessoas não são a prioridade,
vivem apenas nesta dura realidade,
sem dó nem piedade.

terça-feira, 7 de junho de 2011

"6ª's Anti-crise em Évora"

Gostava, novamente, de assumir um papel informativo no nosso blog!
A nossa cidade está neste momento a ser alvo de uma iniciativa bastante interessante. Esta chama-se Sextas-Feiras Anti-Crise. Este projecto reúne 30 intervenientes e perspectiva chegar aos 50. Agregando empresários, comerciantes e instituições locais, este projecto consiste na criação de várias actividades gratuitas e descontos em hotéis, restaurantes, livrarias e outras lojas. A primeira fase desta iniciativa realiza-se de 3 de Junho e 30 de Setembro de 2011 (estando a decorrer neste momento).
Esta iniciativa consiste então na união dos vários diversos sectores da nossa cidade, criando um espírito de união - um dos objectivos do projecto é criar um clima de comunidade. Os membros não consideram que seja uma estratégia de marketing ou um projecto empresarial, mas sim um incentivo à existência de uma colectividade, onde a cidade esteja mais aberta à convivência e troca de ideias, onde os comerciantes tenham um papel mais activo.
Alguns dos membros são, por exemplo, o Convento do Espinheiro Hotel & Spa, Hostel Santo Antão e Residencial Diana, entre outros. Como podemos ver, os membros têm de facto bastante peso na actividade de Évora. Esta iniciativa dirige-se sobretudo aos habitantes da cidade, e depois aos turistas.
Penso que esta acção é extremamente interessante. Considero que seja uma óptima estratégia para unir os comerciantes, mas também para a maior adesão aos serviços da nossa cidade. Muitas das pessoas que irão aderir aos descontos, provavelmente nem consumiriam num dia normal. Ora, se este projecto leva os habitantes da nossa cidade (bem como turistas) a experimentarem o que de bom temos, é sem dúvida uma mais-valia para o rendimento local.
Aplaudo, admiro e concordo bastante com este género de actividades. É muitíssimo importante que existam, em cidades médias como a nossa, iniciativas que dinamizem as actividades locais. Principalmente no interior, penso que deveriam existir em várias cidades, pois este género de acções não só irão beneficiar o grau de consumo/produção/rendimento da população local, mas irão também atrair pessoas de outras zonas – e este é um aspecto que sem dúvida é essencial para o nosso interior bastante desertificado e, à primeira vista, monótono.
Fica então aqui ainda o Facebook desta iniciativa, para, se quiserem, explorar mais os objectivos e serem actualizados acerca das novidades.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Soberania? Autonomia? Vontade do povo? O que é isso?

Soberania? Autonomia? Vontade do povo? O que é isso? É português sequer?
Hoje em dia são estas três perguntas que mais me atormentam quando penso acerca da situação actual do país, onde é que isto vai acabar? Será que o mundo vai ser de 5 ou 6 pessoas apenas? Ou será que vai ser com cerca de 192 países e estados soberanos e independentes?
Quem é que consegue, na sua plena capacidade mental, afirmar, para além de qualquer dúvida, que as organizações internacionais, e no caso português, europeias, não auxiliaram bastante os países que delas fazem parte? No nosso caso tivemos bastantes apoios financeiros quando entrámos na União Europeia, eram pacotes de ajuda para o desenvolvimento. Para além dos apoios iniciais também beneficiámos com algumas medidas tomadas, pelo menos tínhamos melhores condições do que antes de entrarmos para a U.E., nalguns aspectos apenas. Mas ao mesmo tempo quem pode afirmar que a soberania e livre arbítrio de um país em pleno estado de direito, não foi afectada por essa organização internacional? Talvez os mesmos que na questão anterior. Toda a liberdade política de um país é afectada, directa ou indirectamente, por essas organizações, são elas que nos dizem que rumo seguir na economia, educação, na moeda, no trabalho, entre outros. Um país nestas situações deixa de ser capaz de fazer aquilo que a sua nação e população realmente quer, e sim aquilo que as elites das organizações pretendem, perde a sua autonomia. No caso de Portugal, a bela e maravilhosa Senhora Doutora Excelentíssima Chanceler Angela Merkel, perdoem-me a ironia, mas é verdade que controla a Europa, num regime de medo financeiro. Tal como foi referido ela provém da RDA, ainda possui os ideais dessa altura e pretendem cumpri-los, essencialmente dominando e controlando a U.E., vamos apenas esperar que não seja a sucessora de Durão Barroso.
Será assim tão diferente a situação actual da Europa e de Portugal face a Angela Merkel, como o de viver numa ditadura? Então vamos analisar. As elites e os ricos, ficam cada vez mais ricos; os pobres cada vez mais pobres; o desemprego aumenta devido às elites; o Estado central (neste caso a Alemanha) fica cada vez mais rico e melhor financeiramente, às custas do povo (Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha…); existe um sentimento de medo quase constantes, actualmente não é pela polícia politica mas sim pela “polícia financeira”; existe desenvolvimento e crescimento em certas zonas, enquanto outras são esquecidas. Onde estão realmente as grandes diferenças? Será que Salazar/Caetano eram assim tão diferentes de Merkel? Retirem as vossas próprias conclusões.

domingo, 5 de junho de 2011

Antes que saiam os resultados

Hoje vota-se para uma legislativas antecipadas pelo facto de o nosso primeiro ministro (agora ainda demissionário) ter apresentado a sua demissão ao Sr. Professor Dr. Cavaco Silva, nosso presidente da república.
Por este assim ser, tomo a liberdade de expressar a minha opinião após vários eleitores terem exercido o seu direito de voto e muitos ainda não o terem feito.
Mais importante que votar por um partido é preciso votar consciente. Por ter esta opinião acho que é necessário conhecer os programas dos vários partidos, mas mais importante ou tão importante como, é preciso conhecer o individuo que "é cabeça" o partido.
Portugal tem hoje a necessidade de votar com votaria numa eleição presidencial, pela pessoa. Precisamos de eleger alguém capaz, e com a capacidade de chegar a consensos na Assembleia da republica, de não gerar polémicas desnecessárias, e capaz de evitar “o chumbo de outro PEC IV”, precisamos de um líder nato. Este cenário é utópico, tal como a própria democracia assim idealiza.
As possíveis coligações inerentes, são uma hipótese viável á concessão de consensos mas também de polémicas, a maioria absoluta pode não ser viável.
Por isso, não faço apelo ao voto, mas ao voto consciente de todos os risco e de todos os benefícios.
Celebrar a vitoria, seja de que banca for, tem de ser rápida e não muito espalhafatosa, há que por as mãos ao trabalho, afinal “tempo difíceis se avizinham”.
Assim sendo que ganhe o que despertou maior confiança nos eleitores e que ele seja capaz de atingir os objectivos estabelecido pelo FMI, agitando as vidas dos portugueses o menos possível.

Um voto consciente para eleger alguém também consciente. Portugal precisa disso!

Maria Leonor Alves Ribeiro

sábado, 4 de junho de 2011

Alemanha, Senhora dos destinos da Europa?

Há uns tempos seria impossível questionar-me acerca da União Europeia, achava-a um organismo sólido e muito competente, ao serviço dos 27 países que constituem esta comunidade. Mas agora, será ela um mecanismo ao serviço dos países mais fortes?
A Chanceler alemã, Ângela Merkel, nascida na então República Democrática Alemã (sob domínio soviético), é agora quem comanda os destinos da Europa. Criada numa educação rígida, tipicamente do leste soviético, Merkel está a fazer a Alemanha bem à sua semelhança, e a Alemanha, por sua vez, faz da União Europeia um mecanismo de actuação. Inicialmente, Merkel foi a primeira a torcer o nariz à ajuda portuguesa, é engraçado como as situações se invertem, porque há bem pouco tempo era a Alemanha a precisar de ajuda. E, embora Portugal fosse um país pobre, contribui para a sua recuperação, por mais insignificante que essa ajuda fosse. A Alemanha reconstruiu-se muito à custa de ajudas externas e investimentos estrangeiros, basta recuarmos ao tempo do pós Segunda Guerra Mundial, onde as três potências vencedoras dividiram o território alemão (EUA, URSS, Reino Unido e França). Hoje em dia a Alemanha é, sem dúvida, um dos motores da Europa, ao lado do Reino Unido e da França. Nada na Europa se aprova sem o consentimento alemão, sendo uma comunidade onde todos os países são iguais, não deveriam ter todos o mesmo peso na tomada de decisões?
Receio que daqui a um tempo as eleições em Portugal ou noutro país mais fraco se tornem inúteis, visto que os governos não podem tomar medidas sem ter em conta as directrizes da União Europeia e sem haver um controlo apertado. Devemos ser uma união sim, mas com o respeito pela individualidade e história de todos os países. Uma união pressupõe igualdade e respeito pelos diversos povos que integram hoje a actual União Europeia, organismo criado para conseguir fazer frente às duas superpotências da época, os EUA (ainda hoje) e a EX-URSS.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A vida está cara!

Na sequência da conferência sobre o sobreendividamento que tivémos há umas semanas, decidi escrever este texto, relacionado com este tema. Mas... será que é a vida que está cara? Será que esta também se compra? Penso que sim... A todas as horas de todos os dias, durante o ano inteiro compramos coisas boas e más para a nossa vida, bem como coisas que necessitamos e não necessitamos (bens supérfluos).
Escolher os produtos que alimentam e prolongam a nossa vida ou que só a agridem e diminuem, devia ser uma opção livre. Mas não é. Existem milhões de seres humanos que são obrigados a comprar apenas aquilo que os seus rendimentos lhes permitem, tanto em quantidade, como em qualidade. Mas também existem aqueles que, sem necessidade, compram aquilo que agride a sua vida, por simplesmente "lhes apetecer"! Mas não vamos falar destes casos.
Na actualidade, todos nós ouvidos, vemos e lemos, na comunicação social, as notícias da crise mundial e da crise alimental, do aumento do iva e, por consequente, dos preços dos produtos de consumo básico, o que se repercute na nossa alimentação. Os pobres não conseguem pagar a vida que levam, mas ninguém questiona tal coisa. Será mesmo assim? Vejamos:
O que se diz então ser um produto caro? Será caro um produto que, sendo essencial à manutenção da vida, não está ao alcance da grande maioria ou um produto que, devido ao intenso marketing que se faz hoje em dia em favor do consumismo desenfreado, é comprado pela simples aquisição de staus social?
Será caro um quilo de feijão pelo qual chegamos a pagar 2 ou 3 euros, ou uns bilhetes para o futebol ou para ir ao Rock in Rio, a 60 euros? Caro é um quilo de bom peixe por 6 ou 7 euros ou mais ou 3 decilitros de creme para fazer caracóis, pelos mesmos 6 euros?
Todos nós somos humanos e temos necessidades que vão muito para além de alimentar o estômago, cada um tem as suas necessidades e a cabeça não funciona como estômago, mas muitas vezes e isto é uma realidade, as famílias descuram uma boa alimentação, saúde e educação, e investem mais na "aparêcia", sejam carros, férias no estrangeiro ou em bons locais, casas de férias, roupas de marca... E por trás estão cegos de dívidas ou têm uma vida que poderia ser melhor e não é em prol, mais uma vez mais, do status social...
Acho que isto deve ser algo em que se pensar.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Geração à Rasca - A Nossa Culpa por Mia Couto

Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa
abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes
as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar
com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também
estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância
e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus
jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a
minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos)
vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós
1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram
nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles
a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes
deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de
diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível
cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as
expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou
presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o
melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas
vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não
havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado
com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A
vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem
Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde
não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar
a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de
aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a
pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e
da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que
os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade,
nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter
de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e
que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm
direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas,
porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem,
querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo
menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por
escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na
proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que
o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois
correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade
operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em
sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso
signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas
competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por
não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração
que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que
queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a
diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que
este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo
como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as
foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não
lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de
montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o
desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e
inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no
retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e
nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como
todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados
pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham
bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados
académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos
que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e,
oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a
subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos
nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares
a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no
que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida
e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme
convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem
fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e
a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de Mia
uma generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.