quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Giuseppe Garibaldi “Eroe dei due mundi”

Giuseppe Garibaldi nasceu em Nice, a 4 de Julho de 1807 e foi um general, guerrilheiro, condottiero e patriota italiano, apelidado de "herói de dois mundos" devido à sua participação em conflitos na Europa e na América do Sul.

Ainda criança tornou-se marinheiro e conheceu a vida no mar. Aos 25 anos chegou ao posto de capitão da marinha mercante, ao mesmo tempo que se aproximava do movimento "Jovem Itália", que lutava pela independência e unificação dos diversos Estados em que se dividia a península itálica.

Foi condenado à morte e fugiu para a América do Sul, desembarcando no Rio de Janeiro em 1835. Logo, porém, segue para o Rio Grande do Sul e junta-se aos republicanos da Revolução Farroupilha. A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (nome pelo qual ficaram conhecidos os intervenientes pela parte de Bento Gonçalves), foi a maior guerra do continente americano, durou dez anos, de 1835 a 1845. Opôs a República rio-grandense ao Império do Brasil. Teve um carácter republicano contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República rio-grandense que durou de 1835 a 1845. Os principais líderes dos farrapos foram: General Bento Gonçalves, General António de Sousa Neto, Giuseppe Garibaldi, General Davi Canabarro, Luigi Rossetti, Coronel Onofre Pires, Vicente da Fontoura, Corte Real, Teixeira Nunes e Tito Lívio Zambeccari. Os principais líderes imperiais ou caramurus (como eram tratados pelos farrapos) foram: Pedro II do Brasil, General Bento Manuel Ribeiro, Lima e Silva, Marques de Sousa, José Araújo Ribeiro e Francisco Pinto de Abreu (conhecido como Chico Pedro ou Moringue). A Revolução pretendia trazer justiça ao Rio Grande e torná-lo numa República, acompanhado pela abolição da escravatura e maior autonomia política e financeira em relação ao restante Império. Tal como o General Bento Gonçalves disse: “ Nós somos os primeiros a pelear, e os últimos a depor a espada. No entanto, o Império sequer veste os nossos soldados”.

Em Laguna, Garibaldi conheceu Anita, com quem se casaria. Ela tornou-se a sua companheira de lutas na América do Sul e na Europa. Pouco antes do fim da Guerra dos Farrapos, foi dispensado por Bento Gonçalves das suas missões e mudou-se para o Uruguai. Mas o Rio Grande haveria de marcá-lo para sempre. Afirmou mesmo:

“Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações.
Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta!”


No Uruguai, em 1842, participou na Guerra das Rosas. No ano seguinte, exerceu papel fundamental na defesa de Montevideu, impedindo que a cidade fosse tomada pelos argentinos.

Em 1848, Garibaldi voltou à Itália para combater os exércitos austríacos na Lombardia (norte de Itália) e dar início à luta pela unificação italiana. Fracassou na tentativa de expulsar os austríacos e foi forçado a refugiar-se primeiro na Suíça e depois em Niza (hoje Nice, na França). Visando conquistar Roma ao papado, os liberais italianos marcharam contra aquela cidade e conquistaram-na. Garibaldi participou na campanha com um corpo de voluntários e foi eleito deputado na Assembleia Constituinte da República Romana.

Contudo, os franceses e os napolitanos cercaram a cidade, visando restabelecê-la à autoridade papal. A cidade caiu a 1 de Julho de 1849. Garibaldi recusou um salvo-conduto do embaixador americano e empreendeu uma retirada com 4 mil soldados, sendo perseguido por três exércitos (franceses, espanhóis e napolitanos), que somavam dez vezes o seu número de homens. No norte da Itália, o exército austríaco, com 15 mil soldados, também aguardava Garibaldi. Durante os combates, Anita foi morta, a 4 de Agosto de 1849.

Condenado ao exílio, Garibaldi morou na África, Nova York e Peru. Voltou à Itália em 1854, participando na Segunda Guerra de Independência contra os austríacos. O Conde de Cavour, primeiro-ministro do Piemonte (norte da Itália), nomeou-o comandante das forças piemontesas e sob seu comando a Lombardia foi tomada à Áustria. Com isso, a Itália do norte estava unificada.

Garibaldi voltou-se então para o centro do país, com o apoio do Rei Vítor Emanuel II, rei do Piemonte, e do seu ministro Cavour. No centro da Itália, porém, a política e a diplomacia prevaleceram sobre as armas e os acordos com que Cavour e o rei cederam Nice e Sabóia à França foi considerado uma traição por Garibaldi, que decidiu agir por conta própria. Seguiu para o sul, onde conquistou a Sicília e o reino de Nápoles.

Governante absoluto do sul da península, Garibaldi promoveu um encontro das suas tropas com as de Vítor Emanuel, que se tornou o primeiro rei da Itália unificada, ou quase. Ainda faltava libertar Veneza dos Austríacos (1866) e Roma do papa, o que Garibaldi tentou em vão em 1869, sendo derrotado mais uma vez pelos franceses.

Ainda assim, em 1871, uniu-se a eles na guerra Franco-Prussiana, onde venceu algumas batalhas, apesar das quais, a França perdeu a guerra. Não tendo aceite o título de nobreza e a pensão vitalícia que o rei Vítor Emanuel lhe oferecera, Garibaldi retirou-se para a sua casinha na ilha de Caprera, e lá permaneceu até morrer, a 2 de Junho de 1882.

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