quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Multiculturalismo

Vi recentemente na Televisão, um qualquer líder político que tenho a impressão de ser inglês, a afirmar que a ideia da coabitação entre culturas falhou, e que outra opção terá que ser encontrada, mas que o futuro não pode mais passar por este sistema misto em que as culturas se juntam em aglomerados dentro de certos países.
Este acontecimento na ordem da exclusão social deve-se em grande parte à questão económica actual. É fácil entender que em economias em crescimento os grupos étnicos minoritários são facilmente aceites, pois existe produção, consumo, emprego, riqueza. Quando as economias regridem, com a redução de postos de trabalho, redução da riqueza, contenção nos gastos dos Estados, são as classes minoritárias as primeiras a pagar; criando-se problemas de exclusão social que em extremo levam a confrontos. Em França, esta situação tem-se agravado dia após dia.
Isto, acontece na Europa, onde os Direitos Humanos são respeitados e preservados, e o Estado-Social ainda não caiu.
Mas a nível de global, as culturas são tremendamente variadas, de tal modo que em certos países o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal, e noutros a relação com pessoas do mesmo sexo é punível com a pena de morte. Esta é apenas uma, entre outras disparidades que existem num mundo onde apenas algumas mentalidades evoluíram.
A Europa passou de um extremo para o outro, ainda nem à 80 anos, o Fascismo e/ou Nazismo dominavam o velho continente e nem um século mais tarde, somos considerados como o exemplo de coabitação cultural por ser-mos um mosaico de culturas, e como referi anteriormente, adoptamos o Estado-providência, e valorizamos o código dos Direitos Humanos.
Acontece que esta evolução rápida de mentalidades não se estendeu a todas as partes do mundo. Podemos dizer que não houve um Hitler na Ásia, ou em África, mas é mentira, até houve outros piores.
Economicamente, o mercado é cada vez mais global, pois as taxas aduaneiras entre organizações de integração económica traduzem-se em muito pouco. De facto consumimos produtos oriundos de todo o mundo, mais baratos que os nossos. O que aconteceu foi que o mercado é global, mas as regras são diferentes. O resultado foi a completa destruição de alguns sectores produtivos nacionais, e mesmo a nível Europeu, pode-se considerar que saímos prejudicados nesta luta contra os Tigres Asiáticos. Porquê? Volto a frisar, porque as regras não são as mesmas. Economias diferentes não podem competir desta forma desigual.
O mesmo estende-se à questão cultural. Tentámos juntar diferentes culturas no mesmo espaço, ainda que divididas, muitas vezes por bairros onde se juntam, mas ignorou-se as diferenças entre as mesmas.
Pessoalmente não acredito que o fundamentalismo islâmico pode coabitar com as outras culturas, tal como o Nazismo não o permitia. Sinceramente, podemos afirmar que há ideologias erradas, e que há valores que têm que ser uniformizados e estendidos a todo o planeta, caso contrário, a coabitação cultural é impossível, e não passará de uma miragem.
Se o código dos Direitos Humanos não se estender ao mundo árabe, se a ainda existente escravatura em África permanecer activa, se tivermos uma China que explora o trabalho infantil para obter melhores preços no mercado global, eu não defendo o multiculturalismo, nem uma globalização económica.
Esta filosofia moderna só será possível no dia em que as políticas económicas, sociais entre outros foram as mesmas, em qualquer parte da Terra. Com regras diferentes, é impossível.

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