terça-feira, 16 de novembro de 2010

O aborto e a sua (i)legalização

A legalização do aborto sofreu várias fases no último século. Até 1984 o aborto era proibido em todas as situações (até abusos sexuais!). Foi então que neste ano o aborto foi legalizado apenas em situações de risco para a mãe, para o feto e/ou em caso de violação.
Em 1997, para as situações de violação e má formação do feto, o prazo do aborto foi alargado. Esta situação, contudo, continuava a excluir todos os outros tipos de aborto provocados que, juntamente com a não resposta por parte dos hospitais públicos ou publicamente reconhecidos, resultou numa alta de aborto clandestino e perigoso.
Como consequência desta situação, o aborto foi a principal causa de morte materna durante vários anos, levando muitas portuguesas aos hospitais com complicações de saúde devido a abortos ilegais.
Foi então que em 2007, após uma grande luta por parte de várias entidades e organizações de forma a combaterem o aborto inseguro e ilegal, este foi finalmente despenalizado e legalizado até às 10 semanas de gravidez por qualquer mulher que o desejasse, independentemente das razões da sua escolha, até às 16 semanas em caso de violação, até às 24 semanas em caso de má formação do feto e a qualquer altura quando representa um risco para a saúde da mãe.

Terá sido uma lei viável? Defendo que sim, creio que o aborto deva ser legal em qualquer situação até determinado período de tempo. Claro que não defendo que uma mãe aborte aos 6 ou 7 meses de gravidez, mas defendo-o quando é desejo da mulher não ter o filho, independentemente das suas razões.
Fala-se muito na religião e no aborto e na ligação entre si, está claro que a Igreja não defende o aborto, então e se o Papa fosse mulher? Decerto que perceberia bem melhor.
Na minha opinião defendo que é preferível realizar-se um aborto numa instituição segura e legal, de modo a evitar complicações na saúde da mulher que vai abortar (situações que ocorriam com frequência quando os abortos eram ilegais).
Creio que se estivéssemos ainda no século XX, esta situação seria bem diferente e mais de metade das pessoas que estão neste momento a ler este texto não concordariam comigo, o que se verificou no Referendo de 1998, onde 50,9% dos votantes responderam que não, à pergunta: "Concorda com a despenalização voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?".
E em pleno século XXI, ano quase 2011? O que acham sobre este assunto?

Carolina Pena

Consultei os seguintes sites, para complementar este texto:

http://www.aborto.com/

http://pt.wikipedia.org/

6 comentários:

Anónimo disse...

Concordo totalmente contigo, penso que a interrupção voluntária da gravidez deve ser feita até a um certo limite. Lembro-me de um caso que se passou no Brasil, onde uma criança de cerca de 10 ou 12 anos foi violada por um membro da igreja. Como se não bastasse isso, fiquei mesmo chocada em como a sociedade e mesmo os próprios médicos se recusavam a fazer um aborto a uma criança que tinha sido violada. Que futuro é que uma criança que nasce de outra criança pode ter? De certo que foi institucionalizada e depois, o mais provável, é ter ido parar à rua, sem qualquer tipo apoio.

Unknown disse...

Actualmente existem vários métodos contraceptivos e de fácil acesso por isso só engravida quem não toma as devidas precauções, isto sem falar na violação que é outro assunto.
A meu ver, com a legalização do aborto, qualquer mulher ou adolescente que engravide e ache que ainda não é a altura certa irá recorrer ao aborto como se fosse uma pílula do dia seguinte para corrigir um “erro” que cometeu por imaturidade ou por descuido.
Quando uma mulher engravida e deseja o seu filho, nas primeiras semanas já lhe chama bebé e filho, mas, se a criança não for desejada já se fala de que é um feto, que ainda não é um bebé… Então qual é a diferença entre um filho desejado e um não desejado?
Sei que a decisão de abortar só diz respeito às pessoas envolvidas mas também à que ponderar a situação porque um aborto mesmo feito com todas as condições pode não correr bem e a mulher pode nunca mais vir a ter filhos e ter que viver para sempre com esse acto.

Carolina disse...

Em relação aos métodos contraceptivos estes podem falhar mesmo sendo usados, qualquer mulher pode engravidar se assim acontecer devido a um mau uso da contracepção (falamos de preservativos rasgados por exemplo ou até a falência dos próprio métodos que não têm eficácia 100%) logo porque não abortar? Existem razões mil, se uma criança nascer com problemas graves e viver uma vida inteira a sofrer achas que deve sequer nascer? Para quê sofrer? E em termos científicos chama-se embrião até às sete semanas e feto a partir da 8 semanas, as denominações que a população lhes dá estão erradas, isso depois já compete a cada um chamar-lhe o que quiserem.
Hoje em dia com a legalização do aborto as condições para tal são muito melhores do que quando era ilegal, o risco é mínimo, claro que existe, como todas as intervenções cirúrgicas mas a medicina evolui e tudo melhora.
As razões para tal são muitas, não aborta quem quer só "porque lhe apetece" mas uma mulher deficiente grávida, por exemplo, ou doente, uma gravidez que trará problemas de saúde à mãe e que a coloque em risco de morte ou que ele próprio tenha complicações a nível da saúde, não creio que deva nascer quando se pode evitar tal sofrimento.
Claro que as violações é um assunto com o qual eu mais concordo com o abordo. Violarem uma mulher e essa mulher ter que fazer nascer um filho, carregar uma barriga durante nove meses e criar um filho originado de uma violação? Sabes o quanto isso marca uma mulher? Uma violação? É algo tão abominável que criar um filho duma situação dessas parece-me impensável, ao olhar para a cara da criança irias-te lembrar sempre do que tinha acontecido. "Mãe quem é o meu pai?" "Um sujeito que me violou quando eu tinha 12 anos..."
Simplesmente é algo irreal...

Anónimo disse...

Por achar que é um atentado contra todos os direitos da mulher, e como tinha já referido, é que defendo a legalização da interrupção voluntária da gravidez até a um certo ponto, é certo, mas estes são casos muito graves. E em algumas sociedades ainda acontecem, sem que se faça nada para o evitar.

Pedro Duarte disse...

Eu tambem concordo com a legalizacao da interrupção voluntária da gravidez, como a carolina disse os métodos contraceptivos podem nao ser totalmente eficazes, pode existir a infelicidade de uma mulher ser violada etc. mas ainda se coloca outro problema, este no meu ponto de vista, bem mais importante. deveremos nós deixar que um ser humano venha ao mundo por causa de um erro que conteceu, ou alguma infelicidade? ainda para mais se acontecer com jovens, irão tornar a vida bem bem mais dificl quer deles, quer da criança.. Qundo é de livre e espôntanea vontade, e quando sabemos que esse bébé vai ter as condições necessárias para a sua vivencia, aí sim que tenhamos esse bébé!

Carolina disse...

Claro. As condições que os futuros pais possuirão também contam, nomeadamente se a grávida será mãe soldeira (jovem por exemplo). Se existirem falta de condições decerto que não será com certeza o ambiente necessário para se criar uma criança.