sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Novo Acordo Ortográfico

É de esperar que Portugal enquanto Estado Nação preserve a sua própria cultura mas não estaremos nós a perder um pouco (significativo até) da nossa identidade? E eis que estamos, passo a corrigir, já perdemos, uma vez que o tão polémico Novo Acordo Ortográfico se propõe a entrar em vigor no presente ano de 2010.
Bem, o facto de existirem duas línguas oficiais portuguesas, "a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo." Ora, como solução afigura-se este acordo, a chamada "uniformização".
O "português europeu" está para o "português brasileiro" como o "inglês britânico" está para o "inglês americano" e estas diferenças devem ser preservadas porque são constituintes da identidade de cada país.
Se a inexistência deste acordo não significava a impossibilidade de comunicação entre brasileiros e portugueses, afirmo que a justificação para este acordo é puramente promover a internacionalização da língua e quem sabe, colocá-la no top 3 das línguas mais falados no Mundo.

Embora, quer o português de Portugal, quer o português do Brasil tenham origem na mesma língua, o latim, foram alvo ao longo dos tempos de influências diferentes. Influências de outras línguas e de outras culturas, daí que estas particularidades devam ser respeitadas e preservadas. Esta uniformização não se justifica. E ainda dizem que os portugueses não têm “nacionalismo”. Obviamente que este acordo foi pensado, e muito, desde o inicio do século XX que este acordo está a ser feito e em 1986 propunha-se a uniformizar cerca de 99,5% da língua “mas conseguia-a, sobretudo, à custa da simplificação drástica do sistema de acentuação gráfica, pela supressão dos acentos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas, o que não foi bem aceite por uma parte substancial da opinião pública portuguesa.” Decidiu-se então uniformizar “apenas” 98% do geral da língua.


Apoiado em http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1990b


Raquel Pinto

3 comentários:

ASF disse...

Gostámos bastante da tua reflexão, pois tocas-te na "ferida" que tem vindo a atormentar a população portuguesa e quiçá brasileira. Focas-te os pontos essenciais, tais como a perda de individualidade que se irá certamente verificar com a progressiva adaptação deste acordo às nossas escolas. Se por um lado concordamos com a tua reflexão na medida que nos retira o nosso individualismo enquanto cidadãos de Portugal, no entanto discordamos apenas de modo que o portugês vai ser sempre uma das línguas mais faladas do Mundo, não havendo uma distinção clara entre português do Brasil e português europeu.
Se não estamos em erro, a Língua Portuguesa é a quinta língua mais falada no Mundo, lugar que nunca nos será retirado como uma das mais importantes.

Ana Dias e Ana Fragata

João Simas disse...

O acordo já foi feito há 20 anos e entrou em vigor em Portugal em 2010, depois de ratificado por três países de língua oficial portuguesa: Portugal, Brasil e Cabo Verde (vide http://www.priberam.pt/docs/acortog90.pdf e http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo-historia )
O problema remonta, pelo menos a 1911, em que Portugal decidiu unilateralmente modificar a ortografia. Por exemplo escrevia-se epocha (época), pharmacia (farmácia), havia consoantes duplas, y, as palavras proparoxítonas não eram acentuadas ... em 1945 entrou em vigor novo acordo ortográfico mas que não foi aprovado pelo Congresso do Brasil. entretanto o Brasil aproximou a grafia da grafia oficial portuguesa.
Não existem duas línguas, apenas variantes do Português.
Uma das confusões que se faz se faz é entre fala e grafia. Não é por se escrever de forma actualizada que as pessoas vão começar a falar de forma diferente (escrever óptimo ou ótimo vai pronunciar-se da mesma forma, tal como em tempos se escrevia actitude e, desde há muito, atitude, ou mãi, antes de 1945).
O problema mais do que técnico torna-se político.
A polémica continua mas o acordo já está na lei.

Leonor A. Ribeiro disse...

Na minha opiniao, nada é mais ridiculo do que este acordo ortografio. acho que vai despersonalizar a identidade do nosso pais, tal como tu disseste!
Gosto da forma como apresentas as tuas ideias, e como as exploras. Gostei de quando falaste em nacionalismo, e pensei que é senso comum: nos nao fazemos nada em relaçao ás coisas negativas na sociedade, no geral, contudo, no que toca á nossa exposiçao no exterior e á nossa projeçao, somos os primeiros a "ajeitar o traje"!
Ridiculo. uniformizados com um ex-colonia.