Não se trata da característica máfia italiana, com os seus homens de óculos escuros que fogem à lei. Estes mostram a cara, e são protegidos pelos tribunais. Refiro-me à grande maioria de políticos, militantes, ou membros do Partido Socialista, (PS) ou da Juventude Socialista (JS).
Primeiro vamos às origens. Em 1995 António Guterres vence as eleições legislativas, e torna-se Primeiro-ministro de Portugal com maioria absoluta, substituindo Aníbal Cavaco Silva; substituindo o Partido Social Democrata (PSD) pelo PS. Cavaco Silva deixa o país com indicadores económicos crescentes, uma economia em aceleração, estradas novas foram construídas, e o país acarretava fundos vindos da UE para o seu desenvolvimento e coesão com os restantes países da União Europeia. Contudo, havia muito trabalho pela frente: as injustiças sociais eram tremendas, especialmente as desigualdades na satisfação das necessidades. A saúde era diferente para os ricos e para os pobres, e o mesmo se verificava na educação, e segurança.
O país pedia urgentemente medidas sociais que permitissem eliminar estas assimetrias. O mesmo foi explícito pela UE, através dos fundos estruturais como o FEDER e o Fundo de Coesão.
As medidas criadas pelo governo são na sua maioria a atribuição de fundos sociais para os mais necessitados, os subsídios, e também o aumento do número de empregados no Sector Público Administrativo, ou seja, pessoas que trabalham para o estado, e cujo ordenado advém do estado. Estas medidas incrementaram uma dependência enorme do estado por parte da população portuguesa, e esta dependência saiu-nos muito cara.
Ao longo dos anos, os indicadores económicos melhoraram, o PIB cresceu como nunca antes visto, assim como outros indicadores económicos, fruto do aumento do consumo privado (as pessoas têm mais dinheiro fruto dos subsídios e fundos atribuídos pelo estado) e também do investimento gerado pela colocação financeira das poupanças dos particulares.
O país crescia, mas crescia à custa do estado. E ao mesmo tempo, o Partido Socialista ganhava poder nas sombras, ex-ministros passavam para altos cargos em empresas, tribunais, hospitais, universidades, autarquias, entre outras instituições poderosas. Ao mesmo tempo que o país crescia sobre uma felicidade criada pelos fundos comunitários (europeus), o PS instalava-se em todos os órgãos de importância.
A mítica expressão "Jobs for the boys", reflecte aquilo que aconteceu em Portugal nos anos seguintes, e mantêm-se até hoje, em 2010 sob o governo de José Sócrates.
Como foi referido anteriormente, os Socialistas apoderaram-se dos altos cargos nas diversas instituições. O sistema montado é simples. Uma vez no governo, inúmeros membros do PS são colocados nas mais altas funções de empresas, hospitais, universidades, tribunais, etc. Estes membros, são responsáveis pelo " Favorecimento Mutuo " que consiste basicamente na cedência e acatamento de favores entre eles. Concursos das empresas são viciados, favorecendo aquelas cuja maioria dos accionistas são, membros do PS, ou o estado em si.
Sentindo injustiça, temos necessidade de recorrer a tribunais, mas isto torna-se difícil quando no topo da hierarquia judicial estão presentes "amigos" do partido Socialista. O mesmo acontece com a aprovação de projectos.
Para dar exemplo de um caso em particular, que me é bastante próximo; o dono de cerca de 60 hectares na zona da beira baixa, a serem futuramente plantados com floresta, assinou um contrato com uma empresa de corte de madeiras, para efectuarem a respectiva plantação, e o futuro corte, dividindo despesas e possíveis lucros.
Claro, este projecto necessita da aprovação da câmara. O responsável por tal aprovação, consta ter sido "colocado" no seu actual cargo pelo PS. O projecto foi chumbado, sem justificação decente. Segundo o proprietário, o mesmo senhor havia já chumbado dois projectos em anos anteriores. O que quereria ele para poder conceder a aprovação? Todos os requisitos haviam sido cumpridos, não se justificavam entraves. Quanto a mim, ele queria um suborno, ou seja, ele queria conceder-nos o favor de aprovar o projecto, pela cedência de dinheiro. O proprietário rejeitou, e o projecto não foi concretizado. Este jogo de amizades, no qual um "banco de favorecimento mútuo" é criado, chama-se corrupção.
Em 2004, surgiu o Euro, que teve lugar em Portugal. Inúmeros fundos destinados supostamente à criação de emprego, diminuição de assimetrias regionais, desenvolvimento agrícola e das pescas foram desviados para a enorme festa na qual Portugal seria o palco. A construção dos estádios roubou milhões de euros ao país, e actualmente temos um Portugal estritamente dividido entre litoral e interior, estando os primeiros sobrelotados de gente, em crescimento e expansão, ao passo que o interior vai morrendo a cada dia que passa. Os sectores que produziam foram morrendo, assim como as indústrias do Norte do país. Tudo por causa do Euro2004, mais um espectáculo para entreter o povo, depois da expo.
Agora, sigamos em frente para 2005, quando José Sócrates chega ao poder. Um novo governo PS chegava dando continuidade ao trabalho começado por Guterres.
Contudo, este novo governo vai ter algo para enfrentar, a crise financeira mundial.
Todas as crises têm um efeito recessivo numa economia como é bem sabido. Um abrandamento da produção, do consumo, do investimento, resumindo, uma quebra nas receitas tanto do estado como das empresas, um crescimento do desemprego, fruto da contracção das despesas e modo a minimizar os gastos, e o detrimento do nível de vida das pessoas. Apesar disso, o novo primeiro-ministro afirma que Portugal pode passar ao lado da crise, e chega mesmo a contratar ainda mais pessoal para o sector público administrativo, aumentando as despesas do estado. Finalmente, a crise chegou. As primeiras empresas começam a fechar, surgem mais desempregados e o estado vê-se forçado a atribuir cada vez mais subsídios de desemprego, e fundos de apoio aos desfavorecidos que são cada vez em maior número.
A elevada dependência do estado por parte das pessoas tornou-se insustentável, e levou a crescimento tremendo da dívida pública. Como se não bastasse, havia outro problema, criado não apenas pelo envelhecimento da população, mas também pelo governo socialista.
As reformas, que o estado paga às pessoa que durante toda a vida descontaram para a segurança social são atribuídas necessariamente pelo número de pessoas que pagam as contribuições no tempo actual. Explicando melhor, a nossa reforma quando terminamos a nossa vida de trabalhador, é-nos dada derivada do montante que é pago ao estado pelas pessoas que trabalham e descontam actualmente, ao contrário do que muitas pessoas pensam, quando dizem que descontam uma vida inteira para receber depois, sim isso é verdade, mas quando descontam, é para pagar as reformas dos aposentados nessa altura, e futuramente outros pagarão as suas.
Observando as pirâmides etárias actuais, é possível verificar um envelhecimento da populão em Portugal, o que está já a originar um grande número de aposentados. Derivado deste problema, o estado acresceu a idade da reforma para os 65 anos. Acontece que mesmo assim, há excesso de aposentados, excesso de reformas. As acumulações de cargos por parte de ex-ministros, entre outros, originam a acumulação de reformas. Até Aníbal Cavaco Silva, têm três reformas diferentes. As reformas contam portanto como uma rubrica crítica, nas despesas correntes do estado. E não são as reformas de 2000€ que pesam, mas sim, as de 10.000€ para cima.
Isto, entre outras coisas levou o país à falência. Como vimos, a corrupção impede o desenvolvimento. Se o projecto referido no exemplo anterior tivesse sido aprovado, contribuiria certamente para um crescimento do PIB, e até das exportações, e como este, muitos outros. A acumulação de reformas, a corrupção, as extravagâncias dos estádios de futebol, juntamente com a degradação da produção nacional, a dependência tremenda do estado, levou Portugal à banca rota. Estima-se que vamos perder cerca de 20 a 30% do poder de compra, e tudo, fruto de erros feitos pelo PS, que nos últimos quinze anos minaram o país com um sistema de favores mútuos que impede o desenvolvimento, e causa cada vez maior injustiça social, enquanto eles, os PS, se favorecem uns aos outros.
Recentemente analisou-se o currículo do nosso Primeiro-ministro. Nem vou fazer referência à possibilidade de o seu curso lhe ter sido "entregue", mais uma vez um favor, mas apenas aos inúmeros casos de favores que este concedeu quando foi presidente da concelhia da Guarda, inúmeros projectos para a construção de casas em zonas inadequadas foram aprovados pelo mesmo, que actualmente alega nada ter recebido pela aprovação de tais projectos. Há alguém que aprove algo ilegal sem nada receber em troca? Penso que não.
Por favor, invoco a necessidade de se pôr um fim a este sistema corrupto que o PS criou, a justiça em Portugal não funciona, e é estritamente necessário numa democracia que os tribunais sejam favoráveis ao povo, caso contrário o estado e as empresas simpatizantes fazem o que querem dos trabalhadores. Portugal mergulhou na banca rota porque em vez de ensinar-mos os portugueses a pescar, oferecemos o peixe; em vez de criar facilidades na criação de empresas, retirar-lhes entraves burocráticos, de modo a permitir aos privados terem independência, atribuímos cada vez mais fundos sociais, oferecendo dinheiro fácil e certo, que gera despesas enormes para o estado.
O povo português não pode mais depender do estado, caso contrário, tornamo-nos passageiros de um barco cujo comandante é corrupto e foi pago para nos afundar. Contudo, tem autorização legal para se salvar a si próprio.
(Escrevi este texto partindo de algumas ideias expostas no livro "Anos Perdidos" de Miguel Sousa Tavares)
António Martins