domingo, 10 de maio de 2015

O 56º Parlamento do Reino Unido


 Na passada quinta-feira, 7 de maio, realizaram-se as eleições legislativas que decidiriam quem iria governar o 56º Parlamento do Reino Unido. Para surpresa de muitos, ou quase todos, as eleições não só decidiram os membros do novo governo como também influenciaram o futuro territorial da União Europeia e a relação do país com a Europa.
David Cameron conquistou a maioria absoluta do Parlamento do Reino Unido, enquanto líder do Partido Conservador, obtendo 327 deputados no total de 650, centrando as suas prioridades na relação de Londres com a Escócia e o referendo sobre a permanência, ou não, do Reino Unido na União Europeia. 
No que diz respeito à Escócia, o Partido Nacional Escocês ''aniquilou os trabalhistas locais'' tendo obtido 56 dos 59 lugares atribuídos no Parlamento de Westmeinster, alcançando um marco histórico: foi a primeira vez que um partido nacional se tornou a 3ª força política da união. A bancada é chefiada por Alex Salmond (coordenador do referendo pela independência da Escócia, realizado no início deste ano) revelando um impacto significativo no que, futuramente, dirá respeito ao governo legislar sobre este país.
Para além do Partido Trabalhista, também a antiga coligação de Cameron foi derrotada - o Partido Liberal Democrata. Após a esmagadora vitória do Partido Conservador, o número de deputados, representantes dos partidos opositores, no parlamento, viu-se drasticamente diminuído e os líderes do Partido Trabalhista, Liberal-Democrata e UKIP demitiram-se.
 No discurso de vitória, Cameron admitiu que não esperava que os conservadores obtivessem um número tão elevado de mandatos e que tem como objetivo cumprir todo o programa. Pretende, estando no poder, realizar o referendo que tinha prometido durante a campanha eleitoral, renegociando a parceria entre Londres e Bruxelas (que, apesar de bem aceite pelo Presidente da Comissão Europeia, não é uma ideia que agrade aos escoceses). 
Cameron foi, no dia seguinte à vitória, recebido pela Rainha Isabel II, formalizando o anúncio de que os conservadores formam o próximo governo do Reino Unido.

2 comentários:

Raquel Cetra disse...

As eleições são sempre um marco importante na história de cada país democrático e demonstram que é possível, também, contrariar as sondagens... Mas mesmo assim, tiveram pouco mediatismo...
Estas como bem dizes, Maria têm sobretudo o impacto não só para a Inglaterra, com um novo governo, mas também para o futuro da União Europeia, da qual nós portugueses, também fazemos parte. Como também referes, no discurso de vitória de Cameron, este pretende cumprir as promessas de campanha... E irá mesmo avançar com um referendo, a possibilidade de sair da União Europeia, não é um cenário muito apaziguador. Visto que foi um dos seus países fundadores e com imensa história, poderá causar um grande impacto por todas as políticas europeias e por conseguinte aos países membros.

João Simas disse...

Um dos problemas das eleições no Reino Unido é o dos círculos uninominais que distorcem fortemente a proporcionalidade. Em cada círculo é eleito na primeira volta o candidato com mais votos. Por exemplo se concorrerem cinco partidos e todos tiverem 20%, ganha o candidato que tiver mais um voto, sendo os outros votos desperdiçados e, se tivermos em conta a abstenção, pode ganhar até um candidato com os votos de 10%,por exemplo, dos eleitores inscrito. Isto esconde frequentemente a votação em partidos minoritários mas com uma grande expressão em termos de votos dispersos (por exemplo o UKIP teve quase 5 milhões)ou leva a que os eleitores em vez de escolherem o candidato que queriam, escolham entre o menos mau, embora os deputados sejam mais responsabilizados pelos eleitores e mais autónomos em relação aos partidos. Por isso o sistema inglês é geralmente bipartidário. O problema da Escócia ainda não acabou e o histórico Partido Trabalhista tem sofrido com isso, quer pelo problema nacionalista quer pelas alterações no programa desde há uns anos.
Nota: O Reino Unido não foi dos fundadores da União Europeia e está quase sempre "com um pé fora e outro pé dentro". Há uma História antiga e talvez alguma nostalgia do império.